A APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição "não se pronuncia sobre matérias relativas a acusações concretas ou penalizações da Autoridade da Concorrência aos seus associados", diz ao Expresso fonte oficial da associação.
Depois da Autoridade da Concorrência (AdC) anunciar esta quinta-feira ter acusado um conjunto de quatro cadeias de supermercados, não identificadas, de práticas de concertação de preços, em articulação com um fornecedor de produtos alimentares, cuidado da casa e cuidado pessoal, que também não foi identificado, e de um dia antes ter sancionado práticas irregulares de um conjunto de quatro cadeias de supermercados e ainda da Super Bock com coimas no valor somado de 92,8 milhões de euros, a posição da associação é, assim, de silêncio.
No entanto, sempre que é questionado sobre a questão das boas práticas concorrenciais no sector, a APED tem feito questão de garantir "que a distribuição está muito confortável do ponto de vista do cumprimento das leis de um sector que é altamente fiscalizado e concorrencial".
Aliás, a transposição de uma diretiva europeia sobre práticas concorrenciais na cadeia alimentar, está a ser feita "de forma tranquila e pacífica", garante um sector que apresenta também como prova de "bom comportamento" o "interesse contínuo de retalhistas de várias áreas pelo mercado português".
Olhar para outros sectores
António Rousseau, o atual presidente do Fórum do Consumo que foi diretor geral da APED durante 22 anos, não tem dúvidas de que a AdC "está a perder tempo com este tipo de processos junto da grande distribuição nacional".
Porquê? "Simplesmente porque num sector onde a concorrência é tão feroz, não há espaço para este tipo de concertação de preços", responde. "E nos 22 anos em que estive na direção da APED posso garantir que conversas sobre preços entre os associados sempre foram um tema tabu", acrescenta.
Assim, confessa, as acusações que têm pesado sobre a distribuição são, para ele, "uma surpresa" porque o tipo de acordo em causa "é contra natura neste sector". Admite, no entanto, que "havendo provas os infratores têm de ser obviamente punidos".
E, em jeito de conclusão, deixa um conselho à AdC: "Talvez faça sentido preocuparem-se mais com as práticas concorrências de outros sectores". E quer dar alguma sugestão? "Mercados como o dos combustíveis, o da ótica ou o dos seguros, são algumas opções para onde poderiam olhar", responde.