Economia

Presidente executivo da Bial: “A ambição é a de sermos uma empresa cada vez mais forte na neurologia”

A Bial quer trazer para a Europa um novo medicamento para a doença de Parkinson, e assume a neurologia como a sua área de eleição para investir

António Portela, presidente-executivo da Bial
Rui Duarte Silva

A Bial acaba de anunciar que vai ficar encarregue de trazer dos Estados Unidos para a Europa um novo medicamento para atuar nos sintomas da doença de Parkinson. Este é o mais recente passo dado pela farmacêutica portuguesa na área da neurologia, na qual quer traçar o seu percurso.

“A ambição é sermos uma empresa cada vez mais forte na neurologia. Vamos reforçar a nossa presença nesta área”, afirma o CEO da Bial, António Portela, em declarações ao Expresso. Atualmente, dois terços da faturação da empresa já advêm da venda de medicamentos para o sistema nervoso central, sendo que o ano passado a Bial arrecadou 330 milhões de euros.

A Bial fechou um acordo de licenciamento exclusivo com a norte-americana Sunovion Pharmaceuticals para trazer para a Europa um medicamento que atua nos chamados períodos off da doença de Parkinson. Este medicamento, que já foi aprovado nos Estados Unidos, espera agora a aprovação no Velho Continente, um processo que será gerido pela Bial.

“Só em 2023 é que em princípio chegaremos com este medicamento ao mercado”, estima António Portela, avançando que espera que este venha a ter “um peso significativo na faturação”.

O CEO da farmacêutica portuguesa afirma que não pode revelar os valores do investimento no acordo, uma vez que a empresa parceira é cotada.

O novo medicamento vem completar um outro que foi desenvolvido pela Bial, o Ongentys.

“O Parkinson tem vários sintomas, mas uma das características é que entram em momentos off, o corpo basicamente desliga. A pessoa está consciente mas não consegue mover-se", explica Portela.

O medicamento desenvolvido pela Bial reduz estes momentos off até duas horas por dia. Aquele que está agora a caminho da Europa pela mão desta farmacêutica é de “emergência”: “os doentes muitas vezes acordam sem se conseguirem mexer. Este medicamento permite, em alguns minutos, voltar a estar ativo, recuperar o movimento”.

No mercado já existem soluções com o mesmo efeito, mas na forma de injeção. António Portela acredita que o novo medicamento que quer trazer, sendo sublingual, tem o benefício de uma administração mais fácil.

Já no ano passado a Bial tinha reforçado a aposta em soluções para a doença de Parkinson com a expansão para os Estados Unidos, onde comprou a uma startup um portefólio de potenciais fármacos inovadores. Por agora, o CEO afirma que estes medicamentos se mantêm em desenvolvimento.

A Bial é a criadora dos dois únicos medicamentos de patente portuguesa que atuam ao nível do sistema nervoso: o já referido Ongentys, também dedicado à doença de Parkinson, e o Zebinix, para a epilepsia.