Economia

TAP soma um prejuízo de 493,1 milhões de euros até junho, mas recupera face a 2020

Depois de um prejuízo recorde de 1,23 mil milhões de euros no ano 2020, o primeiro semestre de 2021 voltou a ser marcado negativamente pela pandemia. A companhia teve um prejuízo de 493,1 milhões de euros até junho, mas o segundo trimestre teve uma melhoria face ao trimestre anterior e ao período homólogo

José Carlos Carvalho

Foi mais um semestre negro para a TAP, que apresentou um prejuízo de 493,1 milhões de euros. Ainda assim houve uma melhoria do primeiro para o segundo trimestre, cujo prejuízo foi de 128,1 milhões de euros. Face ao primeiro semestre de 2020, a melhoria é de 88 milhões de euros.

Embora as contas continuem no vermelho, a TAP SA, empresa onde está a atividade operacional, reduziu os prejuízos em 15% face à primeira metade de 2020, período em que a companhia registou um prejuízo de 582 milhões de euros. As receitas no semestre atingiram os 383,1 milhões de euros, um recuo de 40,7% face a 2020, revela a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Já os custos operacionais recuaram 313,1 milhões de euros (29,2%) para 760,5 milhões de euros. Um recuo que beneficia da redução dos custos com combustíveis (40%), custos operacionais de tráfego (43,7%) e custos com pessoal (8,6%).

Saíram 1302 trabalhadores nos primeiros seis meses

Uma parte significativa dos cortes resulta da travagem a fundo da operação, outra da redução dos custos salariais. Na primeira metade do ano saíram 1302 trabalhadores da TAP. É o resultado das medidas de restruturação, e "representa uma redução de 16% na força de trabalho, efetuada na sequência das negociação dos acordos com os sindicatos através dos quais se definiram revisões salariais". A TAP; recorde-se, espera ainda a aprovação do plano de reestruturação, que está neste momento em fase de investigação aprofundada.

Com Brasil e os EUA com muitas restrições, o primeiro semestre foi difícil para a TAP, que este verão tem estado com a operação a 50% do que tinha em 2019. O fim das restrições no mercado brasileiro, de onde vinham 700 milhões de euros em 2019, é considerado fulcral para a nova equipa de gestão, liderada por Christine Ourmière- Widener.

Numa nota de otimismo, a TAP frisa "os sinais positivos de recuperação de atividade de abril a junho". No segundo trimestre foram transportados 928 mil passageiros, mais 136% do que no primeiro trimestre, e com uma duplicação dos voos. Uma recuperação que se traduziu num aumento trimestral de 83 milhões das receitas, que ascenderam 233 milhões de euros.

Tesouraria superior a 500 milhões de euros

Um dos problemas que tem sido apontado à companhia é o encolhimento da tesouraria. A TAP avança, no entanto, que terminou o segundo trimestre com uma posição de caixa e equivalentes de 542,8 milhões de euros, "beneficiando do aumento de capital realizado em 24 maio de 2021 no contexto do auxílio de Estado, aprovado pela Comissão Europeia a título de compensação de danos COVID-19 (...) no valor de 462 milhões de euros". A companhia, sabe o Expresso, já está a trabalhar num novo pedido de auxílio por compensação por danos provocados pela Covid. Em que montante não foi possível apurar.

A TAP tinha apresentado um prejuízo de 361 milhões de euros no primeiro trimestre de 2021, um período que acabou por ser bastante depressivo para o setor da aviação, com confinamentos restritivos num conjunto alargado de países. Em 2020, a companhia aérea teve um prejuízo histórico de 1,23 mil milhões de euros.

A TAP avança que o resultado operacional (EBIT) foi de 377,4 milhões de euros negativos, o que representa uma melhoria face aos primeiros seis meses do ano passado, já que houve aumento de 50,2 milhões de euros nesta indicador entre janeiro e junho de 2021.

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Pela negativa nos prejuízos do primeiro semestre a TAP aponta os juros ( - 149,2 milhões de euros) e as diferenças de câmbio (- 62,8 milhões de euros), que atribuiu maioritariamente à depreciação do euro face ao dólar. A dívida bruta da TAP aumentou 80 milhões, revela a transportadora.

Neste semestre saíram duas aeronaves da transportadora (Airbus A330 e 3 Airbus A320, entraram três novos (A321LR e A320 Neo). "Os aviões que se juntaram à frota operacional da TAP reforçam a aposta da empresa em aviões com consumos mais eficientes, e que permitem à TAP adaptar a sua operação de acordo com o ritmo da recuperação da procura", explica a companhia. No plano de reestruturação está prevista a redução da frota de 108 para 88 aviões.