O Windfloat Atlantic, o primeiro parque eólico offshore em Portugal, completou em julho um ano de operação do conjunto das suas três torres instaladas ao largo de Viana do Castelo. Produziu 75 gigawatt hora (GWh), o equivalente ao consumo anual de cerca de 60 mil famílias, informou esta terça-feira a EDP, que lidera o consórcio Windplus, proprietário do parque.
O melhor mês até ao momento foi junho, com uma produção de 8,6 GWh, mas entretanto, já no corrente mês de agosto o parque atingiu quatro dias consecutivos de produção à capacidade máxima, que é de 25 megawatts (MW).
Instalado a 18 quilómetros de Viana do Castelo, numa área do oceano Atlântico com 100 metros de profundidade, o Windfloat é detido pelo consórcio Windplus, que pertence em 79,4% à Ocean Winds (parceria entre a EDP e a francesa Engie), em 19,4% à Repsol e em 1,2% à Principle Power, a empresa que concebeu as plataformas flutuantes de base triangular em que assentam as torres eólicas.
Ao longo do primeiro ano completo de operação dos três aerogeradores, o parque chegou a registar ventos de 134 quilómetros por hora e ondas de 14 metros. Os equipamentos estão programados para se desligar com rajadas de vento superiores a 90 quilómetros por hora.
José Pinheiro, diretor do projeto Windfloat Atlantic, sublinhou esta terça-feira, após uma visita ao parque com jornalistas, que com o progresso tecnológico demonstrado a tecnologia Windfloat “está próxima para a fase seguinte, que é a fase comercial”.
No entanto, a EDP e seus parceiros não têm ainda uma estimativa concreta de quando avançarão para uma fase comercial, aguardando por uma definição do quadro regulatório que permita aos promotores saber se haverá algum tipo de leilão para projetos de energia eólica no mar em Portugal.
Segundo José Pinheiro, “a manutenção é muito semelhante à de um projeto eólico em terra”, mas neste primeiro ano de operação o consórcio Windplus realizou visitas ao parque com alguma frequência, para fazer afinações ao projeto e aos equipamentos.
Desenvolvido para ter uma vida útil de 25 anos, o primeiro parque eólico no mar em Portugal tem prevista uma produção média anual de 3800 horas, superior à produção das eólicas em terra e também acima do número médio de horas anuais de operação de uma central fotovoltaica, por exemplo.
O Windfloat teve um investimento de cerca de 125 milhões de euros, parcialmente financiado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), com 60 milhões de euros, e subsidiado pelo programa comunitário NER300 (30 milhões de euros) e pelo Fundo Ambiental (6 milhões). Mas uma outra componente relevante do projeto é a tarifa garantida de venda de eletricidade à rede (cerca de 140 euros por megawatt hora (MWh).
José Pinheiro sublinhou que o que falta para baixar os custos da tecnologia eólica flutuante é sobretudo a sua industrialização, já que as economias de escala permitirão reduzir o custo dos equipamentos e da construção dos parques, ainda em níveis substancialmente superiores aos das eólicas no mar convencionais (com estruturas de fixação no leito marinho).
O responsável do projeto Windfloat acredita que “a médio prazo” será possível baixar o custo nivelado das eólicas flutuantes para preços em linha com o das eólicas “offshore” convencionais, em torno dos 60 euros por MWh.
“O percurso tem que ser feito à base de leilões”, defende José Pinheiro.
Atualmente a EDP, através da parceria com a Engie, a Ocean Winds, prevê recorrer à solução eólica flutuante para outros projetos de larga escala nos Estados Unidos e na Coreia do Sul. A empresa tem ainda em desenvolvimento um projeto similar ao de Viana do Castelo, a instalar no Sul de França, com uma capacidade de 30 MW (distribuída por três torres de 10 MW cada).