São 15h35. João Conceição está ainda a terminar um almoço tardio e recebe uma chamada do diretor do centro de despacho da REN, que até estava de férias. Boa coisa não seria. “Foi grave. Passei o tempo todo ao telefone”, conta o administrador da gestora da rede elétrica. O presidente executivo da REN, Rodrigo Costa, tenta ligar-lhe, sem sucesso. Conceição continuava ao telefone. Num segundo, um quinto da eletricidade em Portugal sumiu. E foi por pouco, por muito pouco, que a Península Ibérica não ficou, toda ela, às escuras.
“Foi grave. Mas funcionou tudo como devia ter funcionado, incluindo a articulação técnica entre a REN e a E-Redes [a concessionária da rede de distribuição em baixa tensão]”, conta ao Expresso João Conceição, a partir de uma ampla sala de reuniões no 20º piso da sede da REN, com vista desafogada para a zona Norte de Lisboa. Rodrigo Costa junta-se à conversa. O que podia ter sido uma pequena falha de energia na tarde de sábado foi, afinal, um evento extraordinário. “Quando me faltou a luz, fui ver se o vizinho tinha luz. Não tinha. Quando me diz que a falha é também na cidade ao lado, ligo ao João. Estava interrompido. A seguir ligo ao diretor de despacho”, descreve o CEO da REN.