Economia

Rendeiro condenado a 10 anos de prisão em novo processo

Enquanto tenta impedir a prisão no Constitucional, João Rendeiro é condenado num novo processo relacionado com o BPP

João Rendeiro saiu da liderança do BPP em 2008. Seguiram-se os tribunais
Tiago Miranda

João Rendeiro foi condenado esta sexta-feira, 14 de maio, a 10 anos de prisão no processo judicial que investiga a prática de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capital e abuso de confiança no Banco Privado Português (BPP), segundo a leitura da sentença desta sexta-feira, 14 de maio.

João Rendeiro leva a pena mais pesada neste caso, com Salvador Fezas Vital e Paulo Guichard a enfrentarem a condenação a penas de nove anos e meio. Já Fernando Lima tem a pena mais leve, de seis anos.

Todas são penas efetivas, mas a decisão, de primeira instância, ainda pode ser contestada.

O tribunal, no juízo central criminal, em Lisboa, validou a existência de operações no banco – com compra e venda de empresas – que geraram rendimento para os ex-administradores. Foi neste processo que a comissão liquidatária do BPP acrescentou novas provas a meio do julgamento que reforçavam a tese de que houve a saída de milhões do banco para a esfera pessoal dos antigos responsáveis da instituição financeira.

De acordo com a Lusa, a juíza considerou, na leitura do acórdão, que os arguidos são “condenados de forma exemplar e expressiva porque os factos que praticaram são graves” e que a comunidade não entenderia que assim não fosse. No total, os ex-administradores retiraram 31 milhões de euros do banco para as contas pessoais, entre 2003 e 2008. Já o BPP acabou em liquidação.

Este processo de fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais do BPP saiu do primeiro megaprocesso de falsidade informática e falsificação (por alegada falsificação da contabilidade do banco de gestão de fortunas). Esse processo está já no Constitucional, já que foi para lá que o antigo presidente do BPP recorreu da confirmação da condenação, pelo Supremo Tribunal de Justiça, da pena de prisão efetiva de 5 anos e 8 meses.

Os processos em torno de Rendeiro

  • O processo do Banco de Portugal começou com uma coima de quase €2 milhões, reduzida em Santarém para €1,5 milhões, que está ainda por cobrar. Informação falsa prestada ao supervisor é uma das infrações. O ex-banqueiro ficou inibido de, durante 10 anos, exercer funções na banca

  • A CMVM condenou Rendeiro por violação, a título doloso, do dever de qualidade de informação e de não seguir os ditames da boa-fé enquanto intermediário, entre outros, aplicando-lhe uma coima de €1 milhão

  • Nos processos-crime, o megaprocesso relativo a falsidade informática e falsificação de documento está no fim da linha. O Supremo Tribunal de Justiça confirmou a sentença da Relação que condena Rendeiro a cinco anos e oito meses de prisão efetiva. Encontra-se neste momento o recurso no Constitucional

  • O processo de fraude fiscal, branqueamento de capital e abuso de confiança já contou com a leitura da sentença e a condenação de Rendeiro a dez anos de prisão

  • O caso relativo à Privado Financeiras começou com uma absolvição de Rendeiro. Houve recurso, e o caso foi subindo e descendo entre a primeira instância e o tribunal de recurso. Está há ano e meio a aguardar uma posição do Tribunal da Relação de Lisboa

  • Há pelo menos ainda um processo em julgamento de um diplomata lesado pelo BPP que processou João Rendeiro

Notícia atualizada às 16.30 com mais informações