O fundador e maior acionista da Promovalor, Luís Filipe Vieira, escusou-se a comentar as perdas registadas pelo Novo Banco com a dívida do seu grupo imobiliário. "Não me pergunte sobre imparidades que não sei o que é que é isso de imparidades", declarou Vieira quando estava a ser inquirido pelo deputado do PSD Hugo Carneiro.
De seguida, questionado sobre a sua ligação à família Brennand, no Brasil, Luís Filipe Vieira começou por salientar que quem está por dentro dos negócios do Brasil é o seu sócio Manuel Almerindo Duarte. "Tenho pouco conhecimento do Brasil, o meu sócio é que acompanhava", referiu.
Na comissão de inquérito sobre o Novo Banco, Luís Filipe Vieira admitiu que foi "um erro de gestão" ter aceitado vender em 2011, por mais de 147 milhões de euros, a participação de 55% que a Promovalor tinha no fundo FIMES, posição vendida à seguradora BES Vida.
Vieira defendeu que o valor dos terrenos que estavam nesse fundo era elevado e se se tivessem mantido na esfera da Promovalor "se calhar pagavam todo o endividamento do grupo".
"O melhor património imobiliário em Lisboa era meu. Meu, com o dinheiro do banco", declarou Luís Filipe Vieira.
O empresário admitiu que essa venda permitiu uma redução do endividamento ao BES, mas acabou por não baixar a dívida da Promovalor, porque em 2011 a empresa fez um empréstimo obrigacionista de 160 milhões de euros, igualmente financiado pelo BES, e que vencerá este ano.
Instado a avançar detalhes sobre esse empréstimo (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis em Ações), Vieira admitiu não ter todos os pormenores presentes. "Essas perguntas muito técnicas é melhor pô-las por escrito e nós depois trazemos a resposta rápido", comentou.
Luís Filipe Vieira recusou que a emissão desses títulos se devesse a dificuldades da Promovalor, que então tinha vendido terrenos a promotores imobiliários espanhóis. "Não estávamos com muitas dificuldades", notou.
Questionado sobre se a Promovalor terá condições de reembolsar os 160 milhões de euros dos VMOC, Vieira apenas disse que o prazo dos títulos deverá ser prolongado dois ou três anos "por causa da pandemia".