A TAP tem sido duramente criticada pelos sindicatos pela forma como está a selecionar os trabalhadores - entre 435 e 500 - a quem está a propor rescindir contrato. O advogado António Garcia Pereira, que tem estado a defender alguns trabalhadores, acusa mesmo a companhia de estar a recorrer a um algoritmo criado pela consultora Boston Consulting, que usa critérios errados e pouco transparentes. A TAP alega que as métricas usadas cruzam vários critérios, são plurianuais e transparentes.
"As métricas aplicadas apreciam períodos plurianuais, permitindo uma avaliação equitativa e consistente. O modelo é de aplicação objetiva, o que imprime robustez e transparência ao processo de seleção e identificação, que conta com a participação colaborativa de todas as áreas responsáveis", disse ao Expresso fonte oficial da TAP, questionada sobre o processo de escolha dos trabalhadores a quem a companhia está a propor uma rescisão de contrato.
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, assegurou entretanto esta segunda-feira que a TAP, tendo como principal acionista o Estado, não implementará políticas que não respeitem os trabalhadores e a legislação dos países onde tem atividade. “Posso assegurar-vos que, tendo o Estado como principal acionista, a TAP não implementará políticas que não respeitem os direitos dos trabalhadores e as legislações laborais dos diversos países onde tem atividade”, afirmou o governante na abertura do ‘Aviation Day’, organizado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).
Questionada pelo Expresso, a companhia salienta que identificou os trabalhadores junto dos quais "está a proceder à última vaga de adesão a rescisões por mútuo acordo, reformas e pré-reformas, bem como a última fase de candidaturas de integração na Portugália", com base nos critérios já comunicados. E aponta-os: Produtividade/Absentismo, Experiência, Contributo, Custo e Habilitações.
"Este é um modelo multicritério, ponderado, transversal e alinhado com os objetivos do Plano de Reestruturação, o que permite uma visão objetiva e abrangente dos trabalhadores envolvidos". Uma opinião distinta da dos sindicatos e dos trabalhadores, que dizem haver casos de pessoas que não são absentistas, mas que tiveram situações pontuais e justificadas por motivos de saúde para estarem ausentes.
A TAP explica ainda que adicionalmente a aplicação dos critérios é balanceada. "É também nas reuniões individuais e presenciais realizadas com este grupo de trabalhadores, identificados de acordo com os referidos critérios, que a aplicação objetiva dos critérios definidos é balanceada com a explicação e análise de cada caso particular feita de pessoas para pessoas". E sublinha: "Deste modo o processo integra o equilíbrio adequado e necessário de objetividade, equidade e análise personalizada de cada caso pessoal".
A companhia esclareceu esta segunda-feira que "o processo está ainda em curso", sublinhando que são "entre 435 a 500 trabalhadores identificados nesta fase". E adiantando que o número final depende da "conclusão e avaliação de outras medidas voluntárias que decorrem em paralelo".