.A voz é o primeiro sinal de alerta. Os dias, as semanas, os meses, têm sido certamente difíceis, desgastantes, e isso reflete-se no ritmo e no tom de cada palavra de Nuno Rocha, gerente de cinco restaurantes em Matosinhos onde passa os dias em permanente adaptação à sucessão de regras e indicações impostas pelo combate à pandemia de covid-19.
A nível pessoal continua fiel à sua regra número um: “ir trabalhando, conforme nos deixam. Resistir”, declara. Já quanto ao resto, “tudo evoluiu bem pior do que tinha antecipado”, admite. “Previa manter os 100 postos de trabalho e já somos apenas 88. Esperava uma quebra de 20% no volume de negócios (€ 3 milhões em 2019) e a derrapagem passou os 40%. Estava decidido a ficar longe das linhas de crédito, mas acabei por recorrer aos apoios para PME. Pedi €500 mil euros no final do verão para cumprir obrigações fiscais, pagar salários, aguentar os prejuízos do ano, estar preparado para o que iria ter pela frente. Joguei na antecipação”, explica.