Economia

Groundforce. Trabalhadores exigem pagamento de salários de fevereiro: situação continua sem solução à vista

Cerca de oito dezenas de trabalhadores da Groundforce manifestaram-se, esta terça-feira, exigindo o pagamento do salário de fevereiro e os subsídios em atraso. Situação continua por resolver e só será ultrapassada com um empréstimo. Presidente executivo da companhia e diretores disponibilizaram-se para ajudar a título pessoal trabalhadores em extrema dificuldade

D.R.

Esta terça-feira, cerca de oito dezenas de trabalhadores da Groundforce, empresa com os salários de fevereiro em atraso, concentraram-se numa manifestação em frente ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para apelarem ao pagamento dos salários e subsídios em falta. Criticam o Governo e defendem a manutenção da empresa na esfera pública.

Inicialmente, o presidente do conselho de administração, Alfredo Casimiro, e acionista maioritário da Groundforce através da Pasogal, admitiu que a situação dos salários de fevereiro podia estar resolvida até esta terça-feira. Depois, afirmou que o pagamento estava dependente de um empréstimo. Mas, até ao momento, ainda não há solução à vista. Alfredo Casimiro rejeitou a solução proposta pela TAP: o adiantamento de 2,05 milhões de euros, com as ações da Pasogal como garantia.

Os trabalhadores reconhecem que não sabem quando é que a situação estará resolvida. Os salários estão em atraso desde 25 de fevereiro. “O motivo mais emergente foi o não pagamento de salários. Fomos informados, no final da semana passada, pelo acionista privado, por e-mail direto [...], que não tinham dinheiro para pagar”, precisou, em declarações à Lusa, um dos membros da comissão de trabalhadores, José Luís Teixeira. O trabalhador salientou que, até ao momento, não têm previsão para a liquidação das verbas em causa.

Luís Teixeira diz que, além do salário de fevereiro, os trabalhadores da Groundforce (que presta serviços de terra no aeroporto) estão “há muito tempo a aguentar a austeridade”, com progressões e subsídios de férias por validar.

A situação de alguns trabalhadores é de grande aperto financeiro e, por isso, o presidente da comissão executiva da Groundforce, Paulo Neto Leite, e outros dez diretores da companhia, disponibilizaram-se para apoiar trabalhadores em dificuldade a título pessoal. O apoio traduz-se em pequenos empréstimos e já houve solicitações e ajudas pontuais, soube o Expresso. A Groundforce tem quase 2400 trabalhadores. E quase mil tem na Groundforce a única fonte de rendimento da família.

Desde, pelo menos, novembro, que é a TAP, acionista (49,9%) e maior cliente da Groundforce, quem tem permitido o pagamento dos salários dos trabalhadores da empresa de handling.

Quarta-feira há novo protesto

A manifestação dos trabalhadores desta terça-feira foi promovida pelo coletivo SOS Handling, uma organização inorgânica, não afeta a um sindicato. Para quarta-feira está agendada uma nova manifestação em Lisboa, convocada pela Comissão de Trabalhadores (CT) da Serviços Portugueses de Handling, entre as 11h30 e as 14h00 horas, junto ao Ministério das Infraestruturas e Habitação, que tutela o setor.

O protesto acontece depois de a administração da empresa que presta assistência em escala ao Grupo TAP ter comunicado, numa carta endereçada na passada quinta-feira aos trabalhadores, que a empresa não está em condições de pagar os salários de fevereiro sem que esteja concluído o processo de empréstimo bancário em curso, devido a uma falha num pagamento da TAP.

A SOS Handling reclama a “reposição de tudo o que está a ser tirado” aos trabalhadores, reivindicando, nomeadamente, o pagamento do prémio de distribuição de lucros relativo a 2019 (segundo a cláusula 54.ª do AE -Acordo de Empresa), o acerto das progressões nas carreiras já vencidas (também inscritas no AE) e “o pagamento segundo acordado em outubro de 2020 do subsídio de férias relativo a 2020, conforme as regras estabelecidas previamente em boa fé”.

Contesta ainda “o ataque aos horários especiais, que diminuiu os salários líquidos de centenas de trabalhadores” e “a mobilidade funcional administrativamente determinada e sem ter em conta a perda de conhecimento nas áreas”, rejeitando “qualquer despedimento” e a solução do empréstimo, que “não é uma solução para os trabalhadores, mas sim para os patrões”.