Faltava o preço e ele aí está. O auditor independente convocado pelo regulador dos mercados considera que a Media Capital, a empresa que detém a TVI, vale 0,725 euros por ação. É 75% acima do que a Cofina propunha pagar na sua oferta pública de aquisição (OPA), de 0,415 euros (e, aliás, a Cofina dizia que, se o preço fosse superior ao apontado, deixava cair a operação sobre 95% do capital). Este preço é também 10% superior ao preço que Mário Ferreira previa pagar na sua OPA.
Este era o ponto que faltava, após a luz verde da Autoridade da Concorrência à OPA de Mário Ferreira, para que se resolvessem as duas OPA sobre a Media Capital que estão pendentes: uma delas, da Cofina, a outra de Mário Ferreira. O auditor independente iria definir o preço da Media Capital, a pedido da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que serviria para as duas operações.
Segundo o comunicado publicado esta terça-feira, 2 de março, pela CMVM, “no seu relatório, o auditor refere que, ‘[e]m nossa opinião, o valor do capital próprio da Média Capital ascende a 61.313.995 euros, o que representa cerca de 0,725 euros por cada ação’”.
O preço determinado pelo auditor é diretamente aplicável à Cofina que, depois de ter desistido de comprar a Media Capital à Prisa no ano passado, avançou com uma OPA no mercado. Nessa oferta, prometia uma contrapartida de 0,415 euros por ação.
Essa OPA seria, em primeiro lugar, sobre 5,31% do capital da Media Capital (aquele que não estava nas mãos da Prisa à data da operação), sendo que a Cofina estendeu depois a possibilidade de lançar a oferta sobre os restantes 94,69%.
Só que a Cofina assumia que deixava cair essa possibilidade se o preço determinado pelo auditor independente fosse acima do que propunha. “A Cofina informará no prazo de 3 dias se pretende ou não renunciar à mesma”, indica a CMVM.
Esta avaliação é feita em conta não só para a OPA da dona do Correio da Manhã, como também para a da Pluris, de Mário Ferreira, que a CMVM obrigou a que lançasse uma OPA sobre o capital que não detém (por ter entrado em parceria com a Prisa, mas sem que tal tivesse sido legitimado numa oferta sobre as ações dos minoritários). A OPA da Pluris é obrigatória, pelo que a Cofina, que tem uma OPA voluntária, pode deixar cair a sua, na totalidade (e não só nos 95%).
Além disso, como esta OPA de Mário Ferreira foi posterior, e é concorrente à da Cofina, o preço por ação tem de ser 2% superior. Assim, “o respetivo valor da contrapartida deverá ser de €0,7395 por ação, superior em 2% ao valor da contrapartida da OPA da Cofina”, indica a CMVM.
O regulador presidido por Gabriela Figueiredo Dias já tinha definido que a contrapartida a pagar por Mário Ferreira tinha de ser, no mínimo, de 0,67 euros. Acaba, agora, após a opinião do auditor, por ser 10% superior. Este preço mínimo de 0,67 euros é o que foi pago pelos novos acionistas da Media Capital, como Cristina Ferreira, à Prisa.
Mário Ferreira pode agora avançar para a OPA sobre os quase 70% da Media Capital que não detém (sendo que cerca de 65% são de acionistas que entraram quando já estava no capital e que o nomearam para presidente da administração).