A assembleia de associados do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) para votar o acordo dos pilotos da TAP estava marcada para este sábado, dia 20, mas foi adiada para dia 26 de fevereiro.
Vai ser suspense até ao fim. O acordo assinado pelo SPAC tem gerado polémica entre os pilotos, há muitos que discordam dos cortes propostos que vão de 50% a 35%, e por isso não há garantia que este venha a ser aprovado.
Os argumentos usados pelos pilotos que têm estado a contestar o acordo é um dos motivos usados pelo presidente da mesa da Assembleia Geral para adiar a votação. O outro é algumas fragilidades técnico-informáticas que entretanto foram salvaguardadas.
"São sensíveis quer para o presidente da mesa da Assembleia Geral quer para a direção aspetos de argumentação transmitidos pelos srs associados na última assembleia informativa", lê-se na nota que o presidente da mesa da Assembleia Geral, António Costa Ramalho, enviou aos associados do SPAC.
Da leitura da nota enviada aos associados é visível a existência de um reconhecimento por parte do presidente da mesa da AG do SPAC dos argumentos dos pilotos que contestam o acordo. Desconhece-se se isso significa que o SPAC considera que o acordo pode ser alterado.
A TAP já fez saber em comunicado oficial que não vai voltar à mesa das negociações e que os acordos que não forem ratificados irão levar à aplicação do regime de sucedâneo. "No caso de esses acordos não merecerem a aprovação dos seus associados, a TAP não terá outra alternativa que não a de implementar unilateralmente o regime sucedâneo a esse conjunto de trabalhadores", explicou já a companhia.
Há associados do SPAC a oporem-se frontalmente ao acordo assinado pela direção de Alfredo Mendonça, com muitos a ameaçarem chumbá-lo, por considerarem os cortes propostos excessivos - 50% em 2021 a 35% em 2024 - tendo em conta que não garantem de que não haverá despedimentos. O acordo de emergência abrange 1.252 pilotos e prevê a redução salarial de 50% (2021), de 45% (2022), de 40% (2023) e de 35% (2024).
O mal estar é grande. As declarações sobre a falta de comunicação em relação ao plano de reestruturação e a instabilidade e insegurança, expostas pelo diretor de operações de voo (DOV) da TAP, Carlos Damásio, no fim de semana passado, numa mensagem interna, a que a Lusa teve acesso, são um sinal claro da tempestade que vai na companhia entre os pilotos. E da pressão que daí resulta para a direção de Alfredo Mendonça.
A polémica em torno do acordo de emergência dos pilotos da TAP está para durar. O suspense mantém-se pelo menos até ao dia 26 de fevereiro.