Economia

Aplicação Payper alerta para subidas de até 7% nos preços da eletricidade

Aplicação para encontrar as melhores ofertas de energia estudou atualizações de tarifários entre dezembro e janeiro e alerta para agravamentos em vários comercializadores

Eletricidade baixa 0,6% no mercado regulado
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A Payper, aplicação que permite aos utilizadores procurar os melhores tarifários de energia mediante a submissão das suas últimas faturas, analisou a atualização de preços feita pelos comercializadores de eletricidade em janeiro e constatou que a generalidade dos fornecedores aumentaram os seus preços, apesar de as tarifas reguladas para clientes domésticos terem recuado 0,6%.

Com base na análise automatizada de mais de 6 mil faturas submetidas através da aplicação em janeiro, o estudo verificou que em alguns casos o agravamento da fatura (combinando as componentes fixa e variável) para as famílias entre dezembro e janeiro chegou a 7,2%.

Segundo a Payper, na Energia Simples o termo fixo teve uma variação média de 11,1% e a tarifa de energia subiu 5,4%. Na Alfa Energia o termo fixo agravou-se 7% e o preço da energia 4,2%. Na Endesa a parte fixa da fatura subiu 7,1% e a do consumo de eletricidade 4,4%. Na EDP Comercial os aumentos foram de 5,1% e 3,8%, respetivamente.

Outros comercializadores tiveram aumentos no encargo de potência e descidas na tarifa de energia, casos da Luzboa (em que a parte fixa subiu 6,9% e o custo da energia baixou 2%) e da Galp (com uma subida de 6% na parte fixa e um recuo de 2,5% na componente de energia).

"Assinale-se que no final do ano passado a entidade reguladora aprovou uma variação das tarifas de venda no mercado regulado de -0,6% para 2021, refletindo a redução nos custos da energia verificada nos mercados ao longo de 2020, bem como a redução progressiva que tem vindo a ser aplicada nas tarifas de acesso à rede", aponta a Payper em comunicado.

"Neste contexto, seria expectável um efeito final de redução nas faturas pagas pelos consumidores, redução que este estudo vem revelar não estar a ser aplicado pelos comercializadores à maioria dos contratos existentes", nota ainda a Payper.

O porquê das subidas

O que a Payper não explica é que a redução de 0,6% nas tarifas reguladas aprovada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) esconde um aumento substancial das tarifas de acesso à rede, sendo que esse aumento se aplica também aos comercializadores do mercado liberalizado.

Essa subida das tarifas de acesso também se aplica ao mercado regulado, mas neste o preço da energia é fixado pelo regulador com base em previsões que não refletem necessariamente o custo real de aquisição da eletricidade para revenda ao cliente final.

Os comercializadores do mercado livre trabalham com estratégias de aprovisionamento distintas do comercializador regulado (SU Eletricidade), adquirindo volumes de energia com contratos a prazo de diferentes maturidades e preços, enquanto a componente de energia aplicável ao comercializador regulado resulta da fixação administrativa, por parte da ERSE, de um preço de referência, calculado com base em projeções de preços grossistas para o ano seguinte que podem divergir dos preços reais.

Essa situação leva a que por vezes haja desvios tarifários relevantes na operação das tarifas reguladas para clientes domésticos (cerca de 900 mil famílias atualmente), que mais tarde serão recuperados nas tarifas de acesso à rede (estas suportadas na sua maior parte pelos clientes dos comercializadores no mercado liberalizado, já que estes somam mais de 5 milhões de clientes).