“Os centros comerciais estão a ser usados como exemplo porque a rua é mais difícil de controlar e fechar”. A frase é de António Sampaio de Mattos, presidente da APCC - Associação Portuguesa de Centros Comerciais, em reação ao endurecimento das medidas de confinamento impostas pelo Governo.
Na verdade, comenta, “os problemas surgiram noutras zonas”, mas como o controlo do espaço público, na rua, na praia, nos jardins, exige a intervenção das autoridades, os centros comerciais tornam-se “um alvo mais fácil para uma ação exemplar para mostrar as pessoas o que têm de fazer e como têm de fazer”.
Recordando que “não há notícias de surtos em centros comerciais”, o dirigente associativo aceita as determinações do governo,”consciente da gravidade da situação “.
Adianta, no entanto, que a experiência passada ensinou ser preciso esperar pela publicação do diploma em Diário da República “para saber ao certo e com rigor o que está em causa é as medidas que terão de ser adoptadas”.
Para já , admite “estranheza pelo facto dos restaurantes dos centros comerciais não poderem vender em take away e alerta para a urgência de “olhar de frente para o problema económico num sector que vale 5% do PIB e teve quebra de vendas superiores a 40% no ano passado”.
“Chegou a altura de o Governo encarar este tema e encontrar soluções para ajudar a ultrapassar as dificuldades vividas pelos lojistas e pelos proprietários dos Centros Comerciais. Até hoje os Centros Comerciais têm suportado sozinhos os apoios aos lojistas e os efeitos desta crise pandémica, sem qualquer tipo de compensação. Esta situação não pode manter-se”, defende.
A APCC pede, designadamente, benefícios fiscais para donos de centros comerciais e lojistas e recorda “”No primeiro trimestre, com possibilidade de prolongamento até junho, entrou em vigor uma lei que permite as lojas dos centros comerciais pagarem as rendas com desconto percentual igual a quebra das vendas, até um limite de 50%. E com lojas fechadas as vendas serão zero”.