Economia

Marques Mendes desafia partidos a inquérito parlamentar a “mentiras” sobre procurador-europeu

Comentador político considera que Portugal mentiu à União Europeia. Ministério da Justiça devia estar a investigar quem inventou "falsidades" sobre José Guerra

Filipe Farinha

O caso das informações falsas que foram enviadas por Portugal à União Europeia, sobre a candidatura preferida do Governo a procurador europeu, deve ser averiguado por uma comissão parlamentar de inquérito, na ótica de Luís Marques Mendes.

O conselheiro de Estado deixou, no espaço dominical de comentário político na SIC, um desafio aos partidos que têm pedido explicações à ministra da Justiça: “Criar um inquérito parlamentar para apurar toda a verdade e toda a responsabilidade. Tentar esburacar um bocadinho mais, às tantas, ainda a procissão vai no adro”.

Segundo Marques Mendes, o processo foi “uma vergonha e uma mentira”. Em causa está a transmissão de informação confidencial dos serviços do Ministério da Justiça para a representação portuguesa junto da Comissão Europeia com dados falsos sobre o passado profissional de José Guerra, o procurador que o Governo (e o Conselho Superior do Ministério Público) considerava mais bem preparado para ser o representante nacional na Procuradoria de Justiça Europeia, apesar de a comissão de peritos europeu apontar para uma outra candidata, Ana Mendes de Almeida.

“É um conjunto de mentiras, a palavra é dura, mas o Estado mentiu à União Europeia”, resumiu Marques Mendes, sempre a “favor da mesma pessoa”. “É coincidência a mais e é grave”, continuou, sobre um tema em que o Presidente da República já classificou como “desleixo” do Governo e que foi revelado pelo Expresso na semana passada.

O comentador político deixou dúvidas sobre se a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, já abriu também uma investigação para “apurar responsabilidades” nos serviços de onde saíram estas “falsidades e mentiras”. “Demitiu alguém, instaurou algum processo disciplinar?”, questionou-se Marques Mendes, acrescentando, também, que o Ministério Público deveria pronunciar-se sobre se abriu ou não uma investigação a esta informação falsa prestada à União Europeia.

Seja como for, “neste Governo, os ministros não têm culpa de ninguém”, é sempre dos serviços, como do SEF, completou o comentador.

"Não há inaugurações, há vacinações"

Em relação ao Governo, Marques Mendes criticou ainda o excesso de presença de ministros no arranque da vacinação contra a covid-19, classificando-se de “overdose” e de “exagero”. “E o exagero torna as coisas ridículas. Como não há inaugurações a fazer, há vacinações”.

Esta segunda-feira, inicia-se a vacinação nos lares em Mação, com a presença de quatro governantes.