A dívida mundial com juros negativos fixou novo recorde. Atingiu 18,04 biliões de dólares (o equivalente a €15 biliões), segundo os dados do índice Bloomberg Barclays Global Negative Yielding Debt publicados esta sexta-feira. O valor reporta a 10 de dezembro,

No final de 2019 atingira 15,6 biliões de dólares. Em novembro passado subiu para 17,05 biliões de dólares, ultrapassando o anterior pico de 17,04 biliões registado em agosto de 2019.

Ainda segundo a Bloomberg, os títulos públicos e privados com juros negativos representam 27% da dívida com rating de investimento, ou seja, com notações acima de 'lixo financeiro'.

Juros negativos significam que os investidores dizem aos Estados e às empresas: nós pagamos para ficar com os títulos da vossa dívida.

20 países no 'clube' dos juros negativos

Quanto à dívida pública são 20 os países que registam taxas negativas em diversos prazos. A União Europeia domina com 17 países (dos quais 13 membros da zona euro, incluindo Portugal) a que se juntam o Japão, Reino Unido e Suíça. Ainda esta semana, o Tesouro espanhol colocou €921 milhões no prazo a 10 anos pagando um juro negativo.

A Suíça regista taxas negativas até ao prazo de 50 anos e a Alemanha e a Holanda até à maturidade de 30 anos.

Grandes economias como os Estados Unidos e a China (na dívida emitida na moeda nacional) não registam taxas negativas na dívida.

Portugal regista juros negativos até ao prazo de 10 anos no mercado secundário da dívida, mas ainda não emitiu obrigações naquela prazo pagando uma taxa negativa.

Quase metade da dívida portuguesa com juros negativos

A dívida pública portuguesa que regista atualmente taxas negativas no mercado soma perto de €130 mil milhões, dos quais €116 mil milhões em obrigações e €13 mil milhões em bilhetes do Tesouro (dívida de curto prazo).

Esta dívida com juros negativos representa 49% do stock de dívida, que inclui os empréstimos contraídos junto dos fundos do resgate realizado pela troika.