"Haverá certamente uma altura para refletir sobre a dívida, mas não será em 2021", disse Laurence Boone, a economista-chefe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), em entrevista à Bloomberg TV esta terça-feira.
Boone apresentou esta terça-feira em Paris o relatório de previsões da organização para a economia mundial e os países membros, onde se sublinha que uma consolidação orçamental prematura prejudicará a retoma económica em 2021 e 2022.
"O serviço da dívida é hoje ainda mais baixo do que em 2014, graças aos juros baixos. Há, por isso, espaço para usar as ferramentas orçamentais", referiu, ainda, Boone, à Bloomberg.
A mensagem transmitida pela OCDE no último Executive Outlook deste ano é que "é preciso manter os apoios à economia", concluiu Boone.
Pico do endividamento português em 2021
As previsões da OCDE apontam para a subida do endividamento (em percentagem do PIB) em 2021 em Portugal, que deverá atingir, então, um pico de 139,7%, ao contrário das previsões do governo português que apontam para uma descida para 130,9%, depois de um pico de 134,8% em 2020.
Mais grave é a trajetória na Bélgica, Espanha e França, onde o rácio do endividamento deverá subir em 2021 e 2022. segundo as previsões da OCDE.
Os níveis de endividamento mais elevados na zona euro, segundo as previsões da OCDE divulgadas esta terça-feira, deverão registar-se na Grécia (213,7% em 2020) e em Itália (159,8% em 2020), que, no entanto, entrarão numa trajetória descendente em 2021.