Economia

Finangeste compra Trindade Domus por 40 milhões de euros

Negócio "em plena pandemia" atraiu uma dezena de propostas, diz a consultora imobiliária JLL. É a última etapa de mais um processo atribulado que envolve o BES

D.R.

A Finangeste comprou o empreendimento Trindade Domus, junto à Câmara do Porto, por mais de €40 milhões, anunciou esta terça-feira, a consultora imobiliária JLL. Para concretizar o negócio, a Finangeste, especializada na gestão e recuperação de créditos com garantias reais, fez uma parceria com um investidor institucional sediado no Reino Unido.

A operação, concluída em "plena pandemia", recebeu mais de uma dezena de propostas, sublinha a JLL, que liderou o processo. Em causa estão 20 mil metros quadrados de área bruta locável para escritórios (60%), galeria comercial e estacionamento para 496 viaturas. O edifício tem 7 pisos acima do solo e 3 em cave, ocupados em mais de 90% por empresas como a Veniam, Randstad, CGI, SDP e Viagens Abreu.

Para Fernando Ferreira, diretor de Capital Markets da JLL, "o concorrido" processo de venda revela "o elevado apetite dos investidores, quer nacionais quer internacionais, pelo mercado do Porto", onde no último ano e meio, já abrangendo um período de quase paragem de atividade, registou três transações de edifícios de escritórios por mais de €40 milhões.

A administração da Finangeste, que se apresenta como "a primeira empresa de gestão de créditos em incumprimento em Portugal e um dos primeiros Bad Banks na Europa", adianta que mantém "uma relevante intenção de investimento no futuro próximo no Porto". "É uma cidade em que fortemente acreditamos", acrescenta.

Com este negócio fica concluída mais uma etapa no complexo e atribulado projeto de urbanização da Pedreira da Trindade, que se arrastou durante várias décadas e levou, em 2008, à inauguração deste edifício, entre a estação de Metro da Trindade e a Avenida dos Aliados, num investimento de €65 milhões que acabaria por ficar envolvido num processo de insolvência do empresário Martinho Tavares um ano depois, tendo o BES como principal credor.

Em 2015, o edifício, já sob propriedade do Novo Banco, chegou a ser colocado à venda, por €34 milhões, mas o anúncio acabou por ser retirado.