"Sabe a pouco, mas é um primeiro passo no caminho para a normalidade", diz o presidente da APCC - Associação Portuguesa de Centros Comerciais, António Sampaio de Mattos, numa reação à decisão do governo deixar as Câmaras decidirem os horários do comércio na Área Metropolitana de Lisboa. "Esperávamos uma decisão direta do Governo no sentido de termos na AML condições iguais ao resto do pais, mas ainda vamos de ter de esperar pela decisão das autarquias", acrescenta.
"As 20h00 é um horário terrível para o encerramento dos centros comerciais porque atinge diretamente todos os que vão ao shopping quando saem do trabalho. E não se compreende que os horários sejam limitados quando o objetivo é evitar a aglomeração de pessoas porque acabamos por ter mais pessoas em menos horas", acrescenta Sampaio de Mattos ao Expresso sobre os horários atualmente em vigor.
Assim, depois do governo anunciar, esta quinta-feira, que a situação de contingência se mantém na Área Metropolitana de Lisboa e a de alerta (menos grave) no restante território, até 31 de agosto, assumindo que os horários dos estabelecimentos comerciais nas áreas abrangidas pela declaração de situação de contingência (Área Metropolitana de Lisboa), passam a ser definidos pela autarquia local, sendo necessário a aprovação da autoridade de saúde local e das forças de segurança, Sampaio de Mattos reitera que os centros comerciais da AML estão prontos a retomar os seus horários habituais (10h00 - 24h00) e esperam ver as Câmaras avançarem nesse sentido.
Neste momento, mesmo sem ter tido contactos com as autarquias da AML, a APCC "acredita que o facto de as Câmaras Municipais da Área Metropolitana de Lisboa (AML) poderem adaptar os horários dos estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços resultará no fim da limitação horária em vigor nos centros comerciais desta zona do país". E defende que este processo "é urgente".
A fundamentar esta posição, a direção da associação sublinha o facto de o poder local "conhecer em profundidade o território e a economia das suas cidades". "Os autarcas têm consciência do investimento que os centros comerciais fizeram em medidas de segurança e formação das equipas, sabem que estes são espaços seguros e estão cientes do impacto que esta limitação horária está a ter na recuperação deste sector e da economia nacional e local", acrescenta,
Para Sampaio de Mattos, o que se vai passar em Lisboa "é muito importante" para o futuro do sector, uma vez que a AML tem um peso muito significativo para a proteção do emprego, concentrando 35% dos centros do país e 50% do emprego total gerado pelo sector a nível nacional",
Os números da APCC mostram que em julho os centros comerciais da Área Metropolitana de Lisboa registaram quebras nas vendas 15 pontos percentuais acima do resto do país. A quebra de vendas nos centros comerciais a operar sem limitação de horários foi de aproximadamente 25% em relação aos valores alcançados no período homólogo de 2019, enquanto os Centros Comerciais localizados na região de Lisboa sofreram quebras de 40% no mesmo período.
As limitações de horário em vigor nestes espaços refletiram-se também no número de visitantes, que baixou 47% nos centros da AML, e cerca de 30% nos shoppings do resto do país, em julho face ao período homólogo de 2019.