Os números são muitos e são todos preocupantes. A MDS, multinacional portuguesa de consultoria de riscos e seguros, faz um retrato do momento atual no tecido empresarial português e conclui que "a redução da atividade no segundo semestre do ano poderá situar-se no intervalo entre os 25% e o 40%".
"As expectativas dos empresários e gestores é de que a recuperação da economia nacional será em U, demorando entre 1 a 3 anos a regressar aos níveis de atividade anteriores", afirma o MDS Research: Situação Económica em Portugal", divulgado esta sexta-feira.
Um dos indicadores que aponta para o que vai acontecer no futuro próximo está refletido nas previsões de investimento: "mais de metade das empresas (56,5%) assumem corte ou suspensão total dos investimentos nos próximos 12 meses", diz o estudo. Outro sinal é dado pela definição de estratégias que passam por integrar as iniciativas tomadas para fazer face à pandemia no dia a dia. "As empresas esperam aprofundar a adaptação da sua estrutura à nova realidade, com 43,1% a sinalizarem a adoção de medidas de corte de custos no futuro, face às 26,1% que o adotam em junho".
Mais: a redução dos níveis de atividade é para continuar no segundo semestre, com três em cada quatro empresas a estimarem uma diminuição das vendas, enquanto apenas 12,1% esperam um aumento. E três em cada cinco empresas estima um nível de atividade inferior no prazo de um ano, contra 23,5% que acreditam na estabilidade e 14,7% que confiam poder atingir um nível superior.
No que respeita aos recursos humanos, os atuais instrumentos como o lay-off ou a redução de horário e turnos continuarão a ser opções para muitos empresas, mas apenas 3,5% admite realizar despedimentos.
Apenas 5,2% fala de crescimento
Nas respostas ao impacto da pandemia no negócios, nos últimos meses, a MDS. liderada por José Manuel Dias da Fonseca, conclui, também, que 47% das empresas registaram reduções ou encerramento da atividade, contra apenas 5,2% que referem crescimento. Há 73% a referir reduções do volume de negócios no segundo trimestre e no segundo semestre do ano.
Quanto às principais preocupações dos gestores, este estudo que envolveu mais de 100 empresas conclui que estão no nível de liquidez e situação de tesouraria, falta de encomendas e pagamento de salários. Os riscos mais relevantes também foram identificados: continuidade do negócio, saúde dos trabalhadores, crédito a clientes e risco cibernético. "50,4% das empresas identifica como benéfica a cobertura de risco de continuidade do negócio, que é fundamental para assegurar a sustentabilidade das empresas", indica o inquérito que abrangeu empresas de diferentes sectores e dimensões.
Com o “tecido empresarial português a enfrentar uma crise sem precedentes, com redução significativa da actividade”.o presidente do grupo, José Manuel Dias da Fonseca, acredita que "a pandemia veio despertar as empresas e os seus gestores para os riscos a que estão expostos e para a continuidade e sustentabilidade dos seus negócios". Sobre as expectativas, refere que "são de uma recuperação mais lenta do que o previsto, o que obriga à tomada de medidas pelas empresas, mas também pelo Estado".