Economia

Economia portuguesa dá um trambolhão e cai 16,5% no segundo trimestre de 2020

Impacto económico da pandemia do novo coronavírus é traduzido numa contração violenta do PIB português entre abril e junho. É a mais grave de sempre

Ana Baião

Acabam de ser revelados os números sobre os quais tanto se tem especulado. De acordo com Instituto Nacional de Estatística (INE), “refletindo o impacto económico da pandemia”, o Produto Interno Bruto (PIB) “registou uma forte contração em termos reais no segundo trimestre de 2020”, traduzida numa diminuição de 16,5% face a igual período de 2019, após se ter registado uma contração homóloga de 2,3% no trimestre anterior.

É um número nunca visto na história económica da democracia portuguesa e que já tinha sido antecipado por economistas ouvidos pelo Expresso.

Traduz ainda uma quebra da economia mais acentuada do que no conjunto da zona euro, onde segundo a estimativa rápida preliminar do Eurostat, também publicada esta sexta-feira, o PIB encolheu 15% em termos homólogos no segundo trimestre.

Sem surpresas, os dados do INE revelam que este resultado é explicado “em larga medida pelo contributo negativo da procura interna para a variação homóloga do PIB, que foi consideravelmente mais negativo que o observado no trimestre anterior, refletindo a expressiva contração do consumo privado e do Investimento”.

Claro que a paragem da economia não foi impactada apenas pela realidade a nível interno, que reflete o confinamento e a paragem (em absoluto) de muitas atividades económicas não só em Portugal como por toda a Europa.

O turismo foi um dos sectores mais afetados e como resultado a queda do PIB reflete uma acentuada redução da procura externa líquida no segundo trimestre, “traduzindo a diminuição mais significativa das exportações de bens e serviços que a observada nas importações de bens e serviços devido em grande medida à quase interrupção do turismo de não residentes”, sintetiza o INE.

Comparativamente com o primeiro trimestre de 2020, o PIB diminuiu 14,1% em termos reais (a variação em cadeia tinha sido de 3,8% no trimestre anterior).