Economia

BCE mantém estratégia de estímulos até junho de 2021

O Banco Central Europeu decidiu na reunião de política monetária desta quinta-feira manter as taxas diretoras nos mínimos históricos e reafirmar o reforço do programa de resposta à covid-19 decidido na reunião de junho

Ralph Orlowski/Getty Images

A equipa dirigida por Christine Lagarde decidiu esta quinta-feira reafirmar a estratégia do Banco Central Europeu (BCE) de resposta à covid-19 avançada desde meados de março.

O conselho do banco confirmou a decisão tomada na reunião anterior, em junho, de reforçar o envelope do programa especial de compra de ativos (conhecido pela sigla PEPP) em 600 mil milhões de euros e a sua extensão até junho de 2021.

Esta reunião é a primeira depois do Bundestag - o parlamento alemão - e o governo de Angela Merkel terem rejeitado o ultimato dado em maio pelo Tribunal Constitucional germânico e confirmado que o BCE cumpre com a regra de ouro da proporcionalidade no programa de compra de dívida pública lançado em 2015.

Esta reunião de política monetária realiza-se em vésperas de duas reuniões importantes para a resposta à pandemia: cimeira de líderes europeus que se iniciará na sexta-feira, onde se discutirá o Fundo de Recuperação proposto pela Comissão Europeia, e o encontro dos ministros das Finanças e dos banqueiros centrais do G20 no sábado.

Os banqueiros centrais do euro decidiram manter o quadro de taxas diretoras nos mínimos históricos - nomeadamente, a taxa principal de refinanciamento em 0% e a taxa negativa de remuneração dos depósitos dos bancos em -0,5%.

Lagarde explicará mais em detalhe as decisões na conferência de imprensa que se realizará pelas 13h30 (hora de Portugal).

Balanço do BCE ultrapassou Fed

Recorde-se que o balanço do BCE ultrapassou no início deste mês o da Reserva Federal norte-americana (Fed). O BCE regista no seu balanço ativos no valor de 6,3 biliões de euros, enquanto a Fed recuou para 6,9 biliões de dólares (€6,1 biliões). O BCE tem em carteira 2,6 biliões de euros em títulos de dívida pública da zona euro (comprados ao abrigo dos programas SMP terminado em 2021, PSPP desde 2015 e PEPP desde março passado) enquanto a Fed regista títulos do Tesouro no valor de 4,2 biliões de dólares (€3,7 biliões).

No âmbito do PEPP, o BCE já adquiriu, até 10 de julho, 383 mil milhões de euros em ativos, nomeadamente 300 mil milhões em títulos de dívida pública.

O BCE justificou em junho o reforço da sua estratégia anti-covid 19 face a um cenário de quebra de mais de 8% do PIB da zona euro em 2020 e de uma retoma que vai durar mais de dois anos a recuperar o nível de 2019. O horizonte de inflação até 2022 não aponta, também, para uma aproximação ao objetivo de 2%, situando-se daqui a dois anos em 1,3%.