Economia

Grupo de associados do Montepio prepara-se para chumbar as contas e pedir eleições antecipadas

Os prejuízos de 409 milhões em 2019 na associação do Montepio fez soar de novo o alarme e um grupo de associados disse ao Expresso que vai não só chumbar as contas como exigir eleições antecipadas

FOTO Luís Barra

Um grupo de associados da Mutualista do Montepio prepara-se para votar contra as contas de 2019 da Associação Mutualista Montepio Geral, cujo prejuízo ascendeu a 409 milhões de euros.

Provavelmente as contas serão aprovadas em assembleia geral que decorre ás 21 horas de hoje no Coliseu dos Recreios em Lisboa, diz o grupo de associados que irá votar contra, mas haverá porventura menos quórum do que é habitual na sequência da pandemia.

Entre os associados com quem falou o Expresso está Fernando Ribeiro Mendes e Eugénio Rosa, além de membros das suas listas (B e C) às últimas eleições para liderar os destinos da associação que ocorreu em 2018 e foram ganhas por Tomás Correia (que desistiu da liderança da associação para não ver o seu registo chumbado) que foi entretanto substituído por Virgilio Lima que lidera a associação do Montepio.

Fernando Ribeiro Mendes considera que nem o conselho de administração nem o conselho fiscal têm condições para continuar. Por isso, irá pedir a convocação de eleições antecipadas e irá chumbar as contas de 2019. O mesmo afirma o economista Eugénio Rosa, adiantando que as contas de 2019 "não refletem a verdadeira situação da Associação do Montepio", e que é preciso criar "gerar a confiança dos associados". Para isso antecipar novas eleições pode ser o caminho "criando-se uma lista de unidade", remata.

Num comunicado enviado aos associados Viriato Silva e Carlos Areal que fazem parte do conselho geral da associação, afirmam que a situação da associação se tem degradado nos últimos anos e que é "urgente alterar a situação e obrigar os órgãos sociais a convocarem eleições antecipadas e evitar a gradual e continua destruição do valor da Associação e das poupanças dos associados".

E por isso sublinham que irão votar contra o relatório do conselho de administração "como sinal de protesto pelo caminho seguido". Carlos Areal e Viriato Lima afirmam que a situação da associação é difícil e que para o resultado negativo de 2019 pesou sobretudo "a constituição de uma nova imparidade no valor de 377,5 milhões de euros decorrente de uma desvalorização desse valor no investimento na Caixa Económica Montepio Geral, o banco, assim como "a constituição de uma nova imparidade de 14,8 milhões de euros na Montepio Seguros, além do "reforço adicional das provisões matemáticas em 34,7 milhões de euros, resultante do teste de adequação atuarial em consequência da redução das taxas de juros de referência".

É neste enquadramento que vão votar contra o relatório do conselho de administração e "votar a favor de qualquer moção ou requerimento que exija eleições antecipadas para a Associação Mutualista e assim permita devolver a palavra aos associados para estes decidirem, sem embustes nem damagogias os caminhos a trilhar".