Economia

Veja como a pandemia tirou milhares de aviões dos céus europeus em poucos dias

Dos 3.247 que a 16 de março cruzavam os céus europeus, passou-se para 752 a 20 de abril. As poucas centenas de voos registadas então pelo Flightradar 24 eram sobretudo missões de repatriamento e transporte de material médico

Há imagens que falam por si e estas, fornecidas esta segunda-feira pelo Flightradar 24, não deixam qualquer margem para dúvida quanto à variação da densidade de voos comerciais nos céus europeus imposta pela pandemia da Covid-19.

Dos 4.221 aviões que cruzavam os céus do Velho Continente no dia 20 de janeiro de 2020, passou-se para apenas 752, exatamente três meses depois. A 20 de abril as poucas centenas de voos registadas pelo Flightradar 24 eram sobretudo missões de repatriamento, realizadas por vários países europeus, mas também transporte de carga e, em especial, algumas missões de transporte de material médico de apoio aos doentes com Covid-19.

Algumas companhias aéreas, como a TAP, acabaram mesmo por transformar o interior de alguns dos seus aviões de passageiros, retirando todas as filas de assentos da cabine, libertando espaço apenas para transporte de carga.

Chegaram a estar parados 16.800 aviões em todo o mundo

No pico da pandemia em território europeu, sensivelmente entre a última semana de abril e a primeira semana de maio deste ano, a maioria esmagadora dos aeroportos estavam praticamente transformados em mega parques de estacionamento para aviões. Só em Lisboa chegaram a estar paradas mais de 60 aeronaves em simultâneo.

Mas no aeroporto de Barajas, em Madrid, estavam estacionados mais de 150 aviões a 5 de maio. Este aeroporto fez parte, aliás, do top 10 dos que mais aviões estacionados acolhiam a nível internacional. Na liderança da tabela estava então o Roswell International Air Centre, nos Estados Unidos da América, onde ficaram parados perto de 400 aviões, contra pouco mais de 100 em fevereiro.

No total, a nível mundial, e de acordo com a base de dados da Cirium, no dia 25 de abril estavam parados e inativos mais de 16.800 aviões em todo o mundo, num total de 24 mil aeronaves registadas.

Sector da aviação continua fortemente retraído

Uma das evidências mais notórias que agora resulta dos dados divulgados esta segunda-feira pelo Flightradar 24 é a de que, apesar do desconfinamento, o sector da aviação continua fortemente retraído. É que, de 20 de abril (com apenas 752 aviões em movimento no espaço aéreo europeu) até ao dia de hoje, 15 de junho de 2020, o número de voos apenas duplicou (para 1530). Muito longe dos 3.247 de 16 de março ou os 4.154 de 17 de fevereiro.

Em vez de um crescimento de 4,7% no tráfego aéreo que a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA - International Air Transport Association) tinha previsto para este ano, o sector depara-se agora com uma quebra que rondava já os 50% (até abril, comparado com o mesmo período do ano passado), sendo que ainda faltam mais de seis meses para o final deste ano, sem que ninguém saiba ao certo qual será a evolução da atividade à medida que os vários países forem reabrindo o seu espaço aéreo.

De acordo com vários analistas citados IATA, o sector da aviação vive os dias mais negros da sua história, com prejuízos estimados (até abril) da ordem dos 230 mil milhões de euros.