Economia

Ministro admite que TAP pode ser reestruturada e considera a dívida “brutal”

Pedro Nuno Santos esclareceu que a dívida da TAP sobe para 2,3 mil milhões com o aluguer dos aviões. Em audição no Parlamento, o ministro das Infraestruturas admitiu que a TAP pode vir ser a reestruturada

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, avançou, em resposta aos deputados na Assembleia da República, que a dívida líquida da TAP é próxima dos mil milhões e que a dívida incluindo leasing (aluguer) dos aviões sobe para os 2,3 mil milhões.

"Estamos a falar de uma dívida brutal. Não podemos ignorar nunca a dimensão dessa dívida", afirmou o governante.

Pedro Nuno Santos deixou claro que está em curso uma revisão do plano estratégico da companhia, que chegava ao fim este ano. Ou seja, uma revisão que aconteceria com ou sem o auxílio público por causa da pandemia, mas que assim terá outros contornos. E não escondeu que deverá haver uma reestruturação da TAP, já que a dimensão que a transportadora tem atualmente "não é sustentável".

Pedro Nuno Santos esteve a ser ouvido esta manhã na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação sobre os pedidos de ajuda à TAP e a estratégia para a empresa, na seqência de um requerimento do CDS-PP.

"Essa revisão do plano estratégico terá consequências também ao nível da empresa que nós teremos de ter, do ponto de vista de frota, pressuporá também uma necessária reestruturação, porque obviamente estamos perante um contexto de elevada incerteza e a dimensão que a empresa hoje tem não é sustentável face ao momento que nós vivemos e que vamos viver nos próximos anos", salientou Pedro Nuno Santos. A TAP tem 10 mil trabalhadores e uma frota de 105 aviões.

"A intervenção na empresa implicará também um ajustamento à própria dimensão da empresa, mas isso é um trabalho que se terá de fazer nos próximos meses", acrescentou. Há uma equipa de trabalho que está a ser liderada por João Nuno Mendes, ex-presidente da Águas de Portugal, e que conta com a assessoria do escritório de advogados Vieira de Almeida e a consultora Deloitte, que irá negociar e desenhar o modelo de apoio do Estado à TAP. Pedro Nuno Santos sublinhou que a escolha do grupo de trabalho tinha sido feita pela Parpública e o Ministério das Finanças. O Expresso noticiou que o nome de João Nuno Mendes, ex-secretário de Estado do Planeamento de António Guterres, tinha sido uma escolha do primeiro-ministro.

"Nós não conseguimos fazer um plano estratégico em 15 dias, isso não existe", disse o ministro. Respondia assim a perguntas sobre quando estaria pronto o plano de auxílio do Estado. Pedro Nuno Santos sublinhou que também não poderia adiantar o montante de que a TAP precisaria. Mas falou em centenas de milhões.

Sobre a polémica em torno do reembolso do valor dos bilhetes para voos cancelados no contexto da pandemia de covid-19 e a sua transformação em vouchers, Pedro Nuno Santos não se quis alargar, e avançou que é um dossiê que ainda não está fechado e que o Governo percebe as exigências do ponto de vista dos consumidores.

"Agora a verdade é esta: nós sem TAP, nem vouchers, nem reembolso e nós vamos intervencionar a TAP e temos de fazê-lo de forma responsável, cautelosa", sublinhou.