Em época de pandemia, em que a banca tem sido apontada como um dos sectores que mais poderá sofrer com a crise economia que irá seguir-se, um em cada cinco bancos portugueses não tem ainda um plano de resolução, que prevê a intervenção (com perdas para acionistas e credores, mas sem chamar os contribuintes) em casos de dificuldade.
Segundo o relatório do conselho de administração do Banco de Portugal relativo a 2019, cerca de 20% dos bancos não tinha plano de resolução no final do ano passado, sendo que a maioria são instituições de crédito de reduzida dimensão. Isso mesmo percebe-se porque a percentagem desce para 10% quando se mede o peso destes bancos nos ativos no sector bancário (um em cada dez).
No caso de grandes bancos nacionais, os planos de resolução já prevêem a emissão de títulos de dívida para serem absorvidos em caso de perdas - o sistema chamado MREL, de requisitos mínimos de passivos elegíveis para compor o balanço do banco -, para que sejam estes obrigacionistas a sofrer prejuízos, depois dos acionistas, mas antes de os contribuintes serem chamados a ajudar.
A prioridade do Banco de Portugal, ao nível do europeu Conselho Único de Resolução, tem sido tratar dos planos de resolução das instituições nacionais de maior impacto sobre o sistema bancário, ainda que no ano passado também as instituições menos significativas já tenham vindo a ser visadas de forma mais próxima.
Um plano de resolução de um banco deve prever os passos para uma intervenção quando o banco não consegue atingir a sua solidez, devendo ser elaborado no pressuposto de que não há entrada de dinheiro estatal.
Um em cada cinco bancos portugueses não tem planos de intervenção em casos de dificuldade
Bancos sem planos de resolução são de pequena dimensão e reduzido impacto no sistema