O confinamento causado pela covid-19 causou estragos na compra e venda de bens ao exterior logo em março, o primeiro mês em que se fez sentir. Houve quebras nos carros vendidos e descidas na compra aviões nas importações.
“Em março de 2020, em termos das variações homólogas mensais, as exportações diminuíram 13,0% (+0,8% em fevereiro de 2020) e as importações decresceram 11,9% (+3,5% em fevereiro de 2020)”, assinala o Instituto Nacional de Estatística (INE), que sublinha mesmo que estas evoluções já refletem as consequências da covid.
Nas exportações, o decréscimo mais expressivo foi o dos automóveis para transporte de passageiros (-33,5%), num mês em que, como sublinha o Eco, já se verificou o encerramento da Autoeuropa, a fabricante automóvel no topo das exportadoras nacionais. As produtoras do sector fecharam as portas, prejudicando este indicador.
O volume de exportações só encontra valores mais baixos no mês de agosto do ano passado. “A única grande categoria que regista aumento é a dos produtos alimentares e bebidas (+3,8%)”, sublinha o INE.
Houve descidas para todos os principais clientes do país, com a exceção a ser os Estados Unidos, “principalmente devido ao acréscimo de fornecimentos industriais”.
Já nas importações, “o destaque vai também para a diminuição do material de transporte (-38,4%), principalmente outro material de transporte (aviões) proveniente de França”. A compra de aviões e de peças para manutenção, sobretudo pela TAP, tem impulsionado este indicador, que agora se reflete. “Destaque também para os produtos alimentares e bebidas, única categoria a registar um aumento neste mês (+6,7%), principalmente provenientes de Espanha”, continua o INE.
O desempenho de março travou o comportamento trimestral: “No 1º trimestre de 2020, as exportações e as importações diminuíram respetivamente 3,0% e 4,0%, face ao 1º trimestre de 2019 (+3,2% e +0,3%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em fevereiro de 2020)”.
Conta ainda o INE que, em resultado destas variações, “em março de 2020, o défice da balança comercial atingiu 1 586 milhões de euros, o que representa uma diminuição do défice de 151 milhões de euros face ao mesmo mês de 2019”.