Economia

Covid-19. “A resposta a esta crise não pode ser ‘vamos diminuir as despesas, vamos aumentar os impostos’”, diz Pedro Siza Vieira

Ministro da Economia rejeitou esta terça-feira no Parlamento as políticas de austeridade como resposta à crise económica provocada pela pandemia de Covid-19. Mas também deixou claro que “o Estado não consegue assegurar uma cobertura de toda a quebra da atividade económica”.

Lusa

“A resposta a uma crise com estas características não pode ser políticas de austeridade”, disse esta terça-feira o ministro de Estado e da Economia no Parlamento.

“Há muita gente que diz que a austeridade já está aí, com os trabalhadores que perderam o emprego ou estão em lay off ou seja lá o que for. As políticas de austeridade passam pela redução de despesa ou por aumento de impostos. Aquilo que eu já disse e que o primeiro-ministro também já disse é que na resposta a uma crise com estas características, políticas de austeridade são pró-cíclicas e agravam a recessão e não podem ser a resposta a impor aos países naquilo que é a capacidade de compensar uma quebra da procura no sector privado que vai necessariamente existir. Isto é claro e inequívoco”, acrescentou Pedro Siza Vieira na audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

“Vamos ter provavelmente um crescimento do desemprego e uma redução das receitas fiscais por redução da atividade económica mas a resposta do ponto de vista das finanças públicas não pode ser ‘vamos diminuir as despesas, vamos aumentar os impostos’”, afirmou Siza Vieira.

“A resposta mundial vai contribuir para uma retoma mais rápida ou mais lenta? Se a resposta for políticas de austeridade podemos ter a certeza de que vamos ter mais uma década perdida. Em Portugal só em 2018 é que atingimos o nível do PIB que tínhamos em 2008, foi uma década perdida porque a resposta que a Europa nos impôs foi uma resposta de medidas de austeridade. Essa não pode ser a resposta desta crise. Isto tem de ser absolutamente claro, é a orientação política do governo português, sobre isto não há dúvida nenhuma”, disse também o ministro. Que deixou no entanto um alerta: “Em todos os momentos temos de ser prudentes naquilo que é a gestão da política económica. O Estado não consegue assegurar uma cobertura de toda a quebra da atividade económica. Não podemos dizer às empresas que o Estado lhes paga pelo que deixou de entrar na caixa”.