Economia

Bolsas. Pausa na derrocada

As bolsas europeias abriram esta terça-feira em alta depois da Ásia encerrar com ganhos significativos em Tóquio. Decisão inédita do banco central norte-americano anima as praças financeiras, apesar de continuarem os impasses nos pacotes de resposta à crise no Congresso dos EUA e na União Europeia

As praças europeias abriram esta terça-feira em alta. Em Frankfurt, o índice Dax sobe quase 6% na abertura, liderando as subidas. Em Lisboa, o índice PSI 20 segue a tendência positiva europeia.

A abertura em alta na Europa segue o fecho da sessão na Ásia com ganhos significativos em Tóquio (a principal bolsa da região), onde o índice Nikkei 225 subiu 7%. A praça de Seul liderou os ganhos com o índice KOSPi a avançar 8,6%. Xangai fechou com ganhos de 2,3%. O índice MSCI para a região avançou esta terça-feira 4,9%, depois de ter recuado 3,5% na sessão anterior.

O sentimento positivo esta terça-feira segue a tendência verde nos futuros em Wall Street que começaram a reagir positivamente à decisão inédita,e novamente de surpresa na segunda-feira, da Reserva Federal norte-americana (Fed) em eliminar o teto de compras de ativos anteriormente definido e a data limite de final do ano para o quarto QE (quantitative easing) colocado em marcha este mês.

A decisão da equipa de Jerome Powell em Washington - que levou Trump a telefonar ao presidente da Fed agradecendo-lhe "o bom trabalho" - abafou os maus índices económicos da Alemanha e da França para março publicados esta terça-feira pela Markit.

Recessão na Alemanha e colapso em França

O índice PMI (refletindo a opinião dos gerentes de compras nos sectores industrial e de serviços) composto para a Alemanha caiu de 50,7 em fevereiro para 37,2 pontos em março e em França de 51,9 para 30,2 no mesmo período, o nível mais baixo da série para este país.

Estes indicadores PMI apontam, segundo a Markit no comunicado que publicou com estes resultados, para uma queda de 2% no primeiro trimestre da economia germânica e para um colapso na economia gaulesa na ordem "de dois dígitos, em termos anualizados".

As aquisições da Fed não terão. por agora, limite no seu valor e não têm data para terminar pré-definida - uma decisão que não foi tomada face à crise de 2008 quando arrancaram os QE, que viriam a ter três edições.

O banco central dos EUA deu também outro passo inédito ao criar dois instrumentos financeiros para atuar no mercado primário e secundário da dívida empresarial.

Depois de perdas de 3,3% na capitalização mundial na segunda-feira, as bolsas fizeram uma pausa na derrocada que já soma 25% desde início de março.

Decisões que marcam passo

Contudo, duas decisões cruciais do ponto de vista do impulso orçamental contra a crise do coronavírus continuam a marcar passo.

No Congresso dos EUA ainda não se conseguiu um acordo para um superpacote de estímulos governamentais que poderá somar 2 biliões de dólares (€1.9 bilióes).

Na Europa, a cimeira dos líderes da União Europeia na quinta-feira é aguardada com expetativa sobre que garantias que serão dadas sobre a dívida pública, nomeadamente dos periféricos do euro, em que duas das grandes economias do euro, a Itália e Espanha, estão, agora, no centro da pandemia do coronavírus.

Até à data, na União Europeia, o Banco Central Europeu avançou, depois de hesitações e a perda de uma semana, com um megaprograma especial de aquisição de ativos no montante de 750 mil milhões de euros até final do ano.

O impulso orçamental, somando as iniciativas da Comissão Europeia com os pacotes já anunciados pelos estados membros da União, já monta a 2,4 biliões de euros, com destaque para o pacote anunciado por Berlim que totaliza mais de 810 mil milhões de euros a nível federal e dos estados regionais.

O governo alemão decidiu ainda suspender a aplicação da regra de ouro do défice zero, o que vai permitir ao Tesouro germânico endividar-se, em termos líquidos, pela primeira vez desde 2013.