Economia

Sonae. Cláudia Azevedo apresenta primeiras contas com salto de 9,2% das vendas

E não esquece uma nota sobre o papel do grupo no atual quadro de pandemia “A Sonae desempenha um papel crítico em assegurar o acesso da população a vários produtos e serviços essenciais (…).Estou confiante de que iremos ultrapassar esta desafiante situação”

Cláudia Azevedo assumiu a presidência executiva da Sonae no final abril de 2019
Rui Duarte Silva

As primeiras contas do grupo Sonae sobre o comando de Cláudia Azevedo mostram um crescimento de 9,2% no volume de negócios (6,4 mil milhões de euros), melhoria da rentabilidade operacional em todos as áreas, com o EBITDA subjacente a aumentar 22,2%, para 599 M€ e uma diminuição da dívida líquida em 167 milhões de euros (-12,7%, para 1.150 milhões) a par de um investimento de 399 milhões. O grupo criou 1.100 postos de trabalho.

Já o resultado líquido atribuível aos acionistas caiu 20,2%, para 165 milhões de euros, mas a empresa propõe a distribuição de um dividendo de 4,63 cêntimos de euro por ação (+5%), correspondendo a um dividend yield de 5,1% no final de 2019, indica o comunicado apresentado na CMVM – Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.

A explicar a quebra nos lucros face 2018, a Sonae refere “itens não recorrentes verificados no exercício anterior, nomeadamente as mais valias registadas na transação da Outsystems pela Sonae IM, na venda de ativos pela Sonae Sierra e nas operações de sale & leaseback executadas pela Sonae MC”. Excluindo estes efeitos, que totalizaram 104 milhões de euros em 2018, o resultado líquido teria registado um crescimento expressivo.

Sonae MC com crescimento recorde numa década

E na mensagem pessoal que acompanha os resultados, a presidente executiva da Sonae confessa sentir “entusiasmo” pelo portefólio de negócios que tem em mãos, em diferentes sectores e pelos “excelentes resultados operacionais e financeiros alcançados”, a par da “responsabilidade por dar continuidade a um caminho de sucesso ancorado nos nossos fortes valores corporativos e na criação de valor económico e social” do grupo.

E destaca a Sonae MC que “continuou a reforçar a sua posição de liderança, apesar da forte competitividade no mercado” e apresentou o maior crescimento de volume de negócios na última década (9,2%) para €4.702 milhões, impulsionado pelo desempenho do parque de lojas comparável em todos os principais segmentos, formatos e categorias, mas também pela execução do seu plano de expansão” sem esquecer a compra de uma participação maioritária na Arenal a marcar a internacionalização via Espanha na área da saúde e bem estar.

No retalho de eletrónica, a Worten terminou o ano com um volume de negócios de 1,1 mil milhões de euros, o que representa um ligeiro crescimento (0,2%) considerando a mesma base de lojas, com as vendas online a aumentarem 30% num ano marcado por “um plano exigente de reestruturação em Espanha”.

Nos segmentos de moda e desporto, a Sonae Fashion atingiu os 395 milhões de euros, um aumento em termos homólogos de 4,9%, marcado pela subida de 32% na operação, enquanto a ISRG viu o volume de negócios crescer mais de 90 milhões de euros, ou 16,1%, quando comparado com o mesmo período de 2018, atingindo 676 M€, apoiada nos contributos da JD e Sprinter.

Sonae Sierra continua a reciclar capital

Quanto â área financeira, “a Sonae FS reforçou a sua posição como unidade de negócio de rápido crescimento, tendo aumentado o volume de negócios em 20%, para 38 milhões de euros, e melhorado o EBITDA subjacente, que atingiu o limiar dos 10 M€, correspondendo a uma margem de 26,5%”, refere o comunicado.

A operação do cartão Universo teve uma média de 9 mil novos subscritores por mês, o que permitiu terminar o ano com 858 mil clientes, +111 mil face a 2018, “reforçando claramente a posição do Universo no top 3 no mercado português de emissão de cartões de crédito, com uma quota de mercado de 12,8%”, diz a Sonae.

A Sonae IM, a seguir uma estratégia de gestão ativa de portefólio, entrou no capital social de 7 empresas, três das quais em fase embrionária (“seed”) e concluiu a venda da WeDo e da Saphety. Em termos de investimento, o grupo destaca as apostas na CB4 e Daisy Intelligence (reatalho), Sixgill (cibsersegurança) e Cellwize (tecnológica ligada às telecomunicações). Assim, No final de 2019, o capital investido no portefólio ativo era de 130 milhões de euros, 7,1% acima do ano passado. Excluindo as empresas alienadas durante o ano, o volume de negócios ascendeu a 116 milhões de euros (+24,8%, refletindo a integração da Nextel e da Excellium.

A Sonae Sierra registou um volume de negócios de 223 milhões de euros em 2019, com o resultado direto a aumentar 2,2% para 68 milhões de euros, num exercício em que “a vendas dos ativos foi mais do que compensada pelo sólido crescimento” e a empresa manteve a estratégia de reciclagem de capital e lançou a primeira SIGI em Portugal com mais de 100 M€ de capital para investir;

Sobre o futuro, há pouco a dizer

A NOS manteve um desempenho positivo, marcado por receitas operacionais de 1,6 mil mil milhões de euros (+ 1,5%) e um investimento (Capex) incluindo direitos de uso de 444 M€ (+4,8%)

Sobre o futuro, o comunicado deixa poucas pistas. “Enquanto escrevo estas palavras, o mundo está a enfrentar a propagação de uma pandemia. Os impactos do Covid-19 serão provavelmente profundos, generalizados e duradouros”, diz apenas Cláudia Azevedo, referindo-se aos trabalhadores do grupo líder no sector do retalho alimentar em Portugal como “verdadeiros heróis”.

“A Sonae desempenha um papel crítico em assegurar o acesso da população a vários produtos e serviços essenciais. As nossas equipas sabem disso e têm demonstrado um espírito e compromisso fantásticos nestes últimos dias”, acrescenta a presidente executiva da Sonae que termina com uma nota de otimismo: “Estou confiante de que iremos ultrapassar esta desafiante situação”.