A subida dos juros da dívida portuguesa no mercado secundário não para. No prazo a 10 anos, já subiram esta quarta-feira para 1,58%, um máximo desde fevereiro do ano passado. Em menos de trinta dias mais do que quintuplicaram. Subiram 1,3 pontos percentuais.
O prémio de risco que os investidores estão a exigir disparou de 90,5 pontos-base no final de fevereiro para 178,9 pontos esta quarta-feira.
O custo de segurar a dívida portuguesa face a um eventual incumprimento disparou de 39 pontos-base no final de fevereiro para 139,1 pontos.
A dívida portuguesa está sob forte pressão tal como a dos restantes membros do euro, com destaque para os periféricos mais endividados (Espanha, Grécia, Itália e Portugal).
Mas a tendência de subida é generalizada. A dívida holandesa que, até há bem pouco tempo, registava taxas negativas em toda a sua curva de prazos, até aos 30 anos, passou a ter taxas positivas a partir dos 9 anos. A Alemanha deixou esta quarta-feira de registar taxas negativas a 30 anos, o prazo mais longo da sua dívida.
O recuo geral pronunciado das taxas negativas - que significam que os investidores 'pagam' aos Estados para deter dívida - na dívida da zona euro revela que a região está sob pressão e que nem os títulos consideradas seguros estão blindados à tempestade.
A gaffe de Christine Lagarde, na semana passada, colocando Itália fora do escudo do Banco Central Europeu (BCE) agravou a desconfiança no mercado da dívida do euro.
Itália secundada por França propuseram, para travar a pressão sobre as dívidas mais frágeis, o lançamento de "obrigações corona" colocadas pelo Banco Europeu de Investimento e garantidas pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (o fundo de resgate utilizado na crise das dívidas dos periféricos). Competiria, depois, ao BCE adquirir no mercado secundário esses títulos no âmbito do programa de aquisição de ativos, que, recorde-se, foi agora reforçado em 50%.