Até há uns meses a energia solar era uma das mais promissoras áreas de investimento e desenhava no horizonte, de Norte a Sul de Portugal, projetos de centenas de milhões de euros para grandes centrais fotovoltaicas, que serão a espinha dorsal da transição energética na próxima década. Mas a pandemia de Covid-19 já começou a contaminar a economia e ameaça agora adiar ou até cancelar muitos desses investimentos de grande escala na energia solar em Portugal.
O presidente da Apren – Associação Portuguesa de Energias Renováveis, Pedro Amaral Jorge, admite ao Expresso que para projetos já licenciados “poderá haver adiamento por rotura das cadeias de fornecimento de equipamentos e construção de centrais solares”. Miguel Barreto, fundador da Gesto Energia, e promotor de relevo de projetos fotovoltaicos, admite que “possa haver constrangimentos”, mas diz ainda não ter tido conhecimento de casos concretos.
Mas um outro gestor do sector ouvido pelo Expresso vai mais longe. “A crise económica vai impactar muitíssimo os projetos das empresas menos sólidas e menos bem preparadas”, aponta esse responsável, que trabalha para uma empresa que há vários anos opera no negócio da energia solar. “Acredito que muitos players adiem os projetos. Se antes do Covid-19 havia dificuldade em arrancar com alguns projetos (especialmente do leilão solar de julho de 2019), agora a situação será ainda mais difícil”.