Economia

Medo de pandemia global gera pânico nas bolsas da Europa e Nova Iorque

As bolsas europeias fecharam esta segunda-feira registando a pior queda desde o referendo de vitória do Brexit em junho de 2016. Índices de pânico financeiro disparam na Europa e em Wall Street com risco de pandemia global e surto em Itália do coronavírus chinês

As bolsas europeias fecharam esta segunda-feira registando as maiores quedas desde o referendo de vitória do Brexit em junho de 2016. Em Nova Iorque, a sessão ainda vai a meio com os principais índices de Wall Street e do Nasdaq a perderem mais de 3%.

O período de "exuberância irracional" - nas palavras do guru financeiro Stephen Roach - que se viveu até meados da semana passada nos mercados de ações, desvalorizando o impacto global do coronavírus, parece ter chegado ao fim.

O índice Eurostoxx 600 (das seiscentas principais cotadas da União Europeia) perdeu esta segunda-feira 3,8% no meio de uma onda vermelha liderada pelas quedas nas bolsas de Atenas (8,4%), Milão (5,4%), Dublin (4,4%), Estocolmo (4,3%) e Varsóvia (4,2%). Em Lisboa, o índice PSI 20 recuou 3,53%.

Os índices de pânico financeiro dispararam esta segunda-feira depois da Organização Mundial de Saúde alertar para o risco potencial de uma pandemia global do COVID-19 (designação técnica do coronavírus de Wuhan). A dimensão assumida pelo surto em Itália, a economia mais frágil da União Europeia (que poderá registar uma contração neste primeiro trimestre do ano, depois de um crescimento de apenas 0,2% em 2019), agravou ainda mais o sentimento negativo dos investidores.

O VIX relacionado com o índice europeu Eurostoxx subiu mais de 42% esta segunda-feira fechando num máximo desde agosto de 2019, aquando do pico do temor em relação a uma escalada da guerra comercial entre os EUA e a China.

Em Nova Iorque, o VIX associado ao índice S&P 500 também disparou, registando até agora uma subida de 36%, situando-se num máximo desde dezembro de 2018.

Corrida aos valores refúgio

Refletindo o pânico financeiro, os preços do ouro e da prata subiram mais de 1% e os juros (yields) da dívida pública alemã e holandesa estão negativos em toda a curva de prazos (até 30 anos) no mercado secundário.

Os metais preciosos e as obrigações germânicas são considerados valores de refúgio.

No caso da dívida portuguesa, os juros (yields) das Obrigações do Tesouro a 10 anos caíram para 0,162%, um mínimo desde outubro de 2019.

Na Ásia, cujas praças financeiras foram as primeiras a fechar esta segunda-feira, o vermelho foi generalizado nas bolsas, com a liderança do índice SET tailandês, que recuou 3,98%, e do índice KOSPI de Seul, que perdeu 3,9%. Neste último caso, o abalo refletiu o facto da Coreia do Sul ter subido o nível de alerta para o máximo. A principal bolsa da região asiática, Tóquio, esteve encerrada em virtude de feriado pelo aniversário do imperador japonês. As bolsas chinesas aguentaram-se esta segunda-feira, com Xangai a perder apenas 0,8% e Shenzhen (a bolsa das tecnológicas) a registar até uma subida de 1,2%.