Economia

G20 ainda acredita que impacto do coronavírus será passageiro. Mas bolsas estão no vermelho

A reunião de ministros das Finanças e banqueiros centrais do G20 concluída no domingo em Riade ficou-se por “monitorizar o risco global”, seguindo a avaliação do FMI de que o impacto global será “relativamente menor e passageiro”. Bruxelas teme fecho de fronteiras na UE depois de surto em Itália. Algumas bolsas asiáticas afundaram-se esta segunda-feira e Europa abre no vermelho

O G20 – grupo das vinte principais economias desenvolvidas e emergentes do mundo – concordou em “monitorizar o risco global, incluindo o recente COVID-19 [designação técnica do coronavírus surgido em Wuhan]” no final da primeira reunião do ano dos seus ministros das Finanças e banqueiros centrais realizada este fim de semana em Ríade, capital da Arábia Saudita, que este ano organiza a cimeira mundial em novembro.

Com a ausência muito notada de delegações de alto nível da China (que se fez representar pelo embaixador na capital saudita), Rússia e Reino Unido, o tom da reunião seguiu a análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta, por ora, para um impacto na economia global “relativamente menor e passageiro”. Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo, na intervenção perante o G20 avançou que estima que o impacto global desta inesperada emergência sanitária seja apenas de 0,1 pontos percentuais no PIB mundial, mantendo o crescimento em 2020 acima de 3%.

O FMI prevê que a China regresse ao “normal” no segundo trimestre do ano. Pequim afina pelo mesmo diapasão. O presidente Xi Jinping reconheceu, este fim de semana, que o impacto “será relativamente grande”, mas assegurou que será “de curto prazo e controlável”.

No entanto, a diretora-geral do FMI avançou em Riade que o FMI já reviu em baixa a previsão de crescimento da China em 2020 para 5,6%, um corte de 0,4 pontos percentuais em relação à projeção anunciada em janeiro. O crescimento chinês desceria já este ano do limiar político e psicológico de 6%.

Entretanto, o risco de pandemia global começou a ser levantado. Uma equipa de 20 académicos do Imperial College, em Londres, publicou na sexta-feira um estudo que está a assustar muitos investidores. Segundo o modelo epidemiológico usado pelos cientistas, 2/3 dos infetados inicialmente pelo coronavírus de Wuhan poderão ter saído da China ainda antes das medidas de contenção terem sido impostas pelas autoridades chinesas em janeiro.

A Coreia do Sul aumentou este fim de semana o nível de alerta para o máximo e a bolsa de Seul afundou-se 3,9% esta segunda-feira. O temor aos efeitos na economia chinesa e nas cadeias regionais de produção gerou o pânico em Sydey com a bolsa australiana a cair mais de 2%, com 51 mil milhões de dólares australianos de perdas esta segunda-feira. A bolsa de Tóquio esteve fechada em virtude de ser feriado pelo aniversário do imperador.

Itália é o elo mais fraco da UE

A Europa foi sacudida pelo surto do coronavírus em Itália (com 10 cidades sob quarentena na Lombardia e Veneto) e a Comissão Europeia teme agora que as fronteiras se fechem dentro do espaço da União. As bolsas europeias abriram esta segunda-feira no vermelho, com a praça de Milão a liderar as quedas, com o índice MIB a perder mais de 3,5% nos primeiros minutos de abertura.

Recorde-se que Itália é a economia mais frágil da União e da zona euro tendo registado um crescimento de apenas 0,2% em 2019. As previsões do FMI avançadas em janeiro - ainda antes do alarme sobre o coronavírus - apontam para uma aceleração muito fraca da economia italiana em 2020 (0,3%) e 2021 (0,6%).