Dez anos de empresa, oito avaliações de desempenho com o nível de “excelente”, três promoções e vários prémios. António (nome fictício, a pedido do próprio), economista de formação, estava na corrida para um lugar de destaque na consultora onde trabalhava até requerer o regime de teletrabalho para acompanhar o filho nos primeiros anos de vida. A lei deu-lhe essa possibilidade, mas a empresa não. De “excelente” passou a “regular” na avaliação das chefias, perdeu o cargo de liderança e está em litígio com a empresa na sequência de um despedimento que considera “ilícito”. Sara, que também prefere não ser identificada, tem uma história idêntica. São casos de profissionais a quem o recurso ao teletrabalho custou a progressão na carreira ou até o emprego. Os especialistas ouvidos pelo Expresso confirmam que relatos destes se multiplicam e que o medo de perder o emprego está a travar a eficácia das políticas de conciliação.
Portugal foi dos primeiros países europeus a consagrar a figura do teletrabalho no código laboral. Desde 2003 que o regime está regulado e é apontado como um importante mecanismo de conciliação familiar, além de ser já utilizado como bandeira por muitas empresas, para atrair uma nova geração de profissionais, que prioriza o bem-estar pessoal e familiar. Apesar disso, a sua aplicação é residual.
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