Economia

Caixa confirma desejo de dar €300 milhões em dividendos ao Estado. E quer devolver dívida mais cara

Caixa prepara-se para dar mais €100 milhões em dividendos do que no ano passado. Paulo Macedo diz, também, que o banco tem condições para devolver dívida em que paga juros de 10,75% a privados. Mas só o pode fazer em 2022

LUÍS BARRA

A Caixa Geral de Depósitos confirmou esta sexta-feira o desejo de pagar dividendos de 300 milhões de euros, tal como o Expresso já tinha avançado em novembro. Contudo, Paulo Macedo defendeu que a remuneração aos contribuintes não é a única tarefa: também pretende libertar-se da dívida subordinada, em que enfrenta juros acima de 10%, que teve de emitir para se capitalizar, em 2017.

"Será em linha com 300 milhões", respondeu o presidente executivo Paulo Macedo na conferência de imprensa de apresentação de resultados anuais - em que o lucro chegou a 776 milhões - que teve lugar esta sexta-feira, 3 de janeiro.

No ano passado, a Caixa pagou 200 milhões em dividendos por conta dos lucros de 2018, podendo subir agora em 100 milhões. De qualquer forma, Paulo Macedo sublinhou que ainda é necessário passar pela assembleia-geral, entre outros aspetos, inclusive uma validação pelo Banco Central Europeu (que, ressalvou o CEO, já não tem de autorizar o seu pagamento).

O presidente executivo do banco sublinhou que, assim, haverá a retribuição, em dois anos, de 500 milhões de euros em dividendos - depois de ter recebido 3,9 mil milhões de euros de dinheiros públicos em 2017. Nessa capitalização, além do dinheiro público, também teve de emitir dívida para colocar junto de privados, de forma a provar a sua viabilidade.

Livrar-se de juros de 10,75%

Na conferência, Paulo Macedo também revelou que é vontade da gestão ter condições para devolver os 500 milhões de euros de dívida subordinada (AT1) que foi emitida em 2017 como parte do plano estratégico assinado entre o Estado português e a Comissão Europeia. Essa devolução só pode acontecer em 2022, já que a dívida só poderia ser reembolsada ao final de cinco anos. Mas Paulo Macedo quis já flar disso.

Segundo o CEO, mantendo-se até esse ano os atuais rácios de capital, as atuais perspetivas de negócio, e ainda que "sujeita a todas as autorizações", a CGD poderia fazer essa devolução. Esse reembolso é um objetivo já que o banco paga uma taxa de juro de 10,75% pela dívida.