A Huawei já reagiu à investigação do “Wall Street Journal”, publicada esta quarta-feira, que conclui que o Governo chinês promoveu a ascensão global da tecnológica com apoios na ordem dos 75 mil milhões de dólares (68 mil milhões de euros) através de isenções fiscais, financiamento direto e recursos a baixo preço. Os apoios estatais terão contribuído, entre outros fatores, para a empresa diminuir os preços em 30% face à concorrência.
“O artigo publicado pelo ‘The Wall Street Journal’ é baseado em informações falsas e sem lógica”, garante a multinacional em comunicado enviado às redações, acrescentando que o crescimento da Huawei é o resultado de 30 anos de investigação e desenvolvimento.
Referindo que o jornal norte-americano tem publicado “vários artigos dissimulados e irrefletidos” que a afetam, a empresa assegura que tem o “direito de tomar medidas legais para proteger” a sua reputação.
A notícia surge numa altura em que se têm levantado suspeitas sobre a relação entre a tecnológica e o Governo chinês (com o qual os Estados Unidos receiam que a Huawei partilhe dados de redes de clientes) e em que a Huawei está a competir pela construção de redes de telecomunicações 5G (quinta geração) no mundo inteiro. E poucas semanas depois da comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, ter anunciado que paneia criar mecanismos para refrear as práticas anticompetitivas de empresas estatais estrangeiras.
De acordo com o mesmo jornal, o apoio de Pequim à Huawei começou há 25 anos. A grande fatia destes apoios, cerca de 46 mil milhões de dólares, foi concedida em empréstimos, linhas de crédito e outras ajudas por parte de entidades estatais.
Entre 2008 e 2018, a tecnológica conseguiu poupar até cerca de 25 mil milhões de dólares em impostos, na sequência dos incentivos fiscais concedidos ao sector tecnológico. Recebeu ainda 1,6 mil milhões em subvenções e 2 mil milhões de dólares em descontos na aquisição de terrenos.
Mas a Huawei garante que o relacionamento que tem com o Governo chinês não é diferente de qualquer outra empresa privada a operar no país. “Tal como outras empresas de tecnologia que atuam no país, incluindo as estrangeiras, a Huawei pode ter acesso a alguns programas de incentivos. Contudo, nunca recebemos nenhum tratamento adicional ou especial”, continua, sublinhando que nos últimos dez anos 90% do capital da empresa resultou exclusivamente das suas operações comerciais.
A empresa liderada por Ren Zhengfei refere que todas as empresas de tecnologia que operam na China, incluindo as estrangeiras, têm direito a determinados subsídios do Governo (especialmente para apoiar programas de investigação), desde que respeitem algumas condições.
“A Huawei utiliza esses subsídios como qualquer outra empresa, o que não é de estranhar, uma vez que, tal como o próprio artigo refere, é comum que os governos, também no ocidente, ofereçam subsídios para apoiar programas de pesquisa tecnológica das empresas”, continua a empresa. “Na última década, o montante total que a Huawei recebeu em subsídios para I&D de governos, dentro e fora da China, representou menos de 0,3% da nossa receita total. Em 2018, recebemos apenas um valor igual a 0,2% da nossa receita anual.”