A Boeing vai cessar, temporariamente, a produção do 737 MAX a partir de janeiro de 2020, de acordo com um comunicado emitido pela empresa nesta segunda-feira. A utilização do modelo em causa já tinha sido suspensa em todo o mundo, depois de dois acidentes que provocaram 346 vítimas mortais, embora a maior fabricante global de aviões mantivesse um ritmo de produção de 42 unidades por mês e ainda disponha de 400 aviões em stock.
A decisão assumida pela fabricante norte-americana, sediada em Seattle, surge na sequência da informação de que a Federal Aviation Agency não iria permitir o regresso do 737 MAX à atividade antes do próximo ano. O anúncio da interrupção da produção segue-se a uma reunião dos gestoires de topo da Boeing que decorreu neste domingo em Chicago.
As tragédias que aconteceram com aviões da Lion Air e da Ethiopian Airlines tiveram um peso decisivo na queda dos lucros da fabricante que, no terceiro trimestre de 2019, caíram para 895 milhões de dólares, contra o resultado de 1,89 mil milhões alcançado no mesmo período do ano anterior.
O "New York Times" antecipa que a decisão da Boeing vai causar perturbação na economia dos Estados Unidos, ao afetar numerosos fornecedores do fabricante e tendo em conta que o 737 MAX é a mais importante aeronave para o volume de negócios da empresa. A Boeing adiantou que nesta fase não se prevê extinção de postos de trabalho.
Em outubro, o presidente executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, admitiu que a empresa cometeu "erros" nos acidentes mortais com aviões do modelo 737 Max 8 na Indonésia e na Etiópia, ao falar perante o Senado norte-americano. "Sabemos que cometemos erros e que estávamos errados. Somos culpados disso", afirmou na ocasião Dennis Muilenburg, citado pela agência Efe, perante o Comité do Comércio do Senado norte-americano.
Foi a primeira vez que a Boeing reconheceu no Congresso norte-americano ter cometido erros que estiveram na origem dos acidentes que resultaram na morte de centenas de pessoas e que custaram milhares de milhões de dólares à empresa com sede em Chicago.