José António dos Santos, dono de 12,7% da Benfica SAD, pode ser o grande vencedor da oferta pública de aquisição (OPA) que o Sport Lisboa e Benfica anunciou a 18 de novembro para adquirir 28% da sociedade. Em 2017, o presidente da Valouro investiu cerca de €3 milhões na compra de dois blocos de ações à Somague e ao Novo Banco. Agora poderá encaixar €14,6 milhões.
O empresário mantém o enigma sobre o que irá fazer. “Só depois de a OPA sair é que decido se vendo ou não”, declarou José António dos Santos ao Expresso. Há duas semanas, o Expresso também questionou o líder da Valouro em relação ao tema, sobre o prémio da oferta e sobre o contexto em que adquiriu as suas ações, mas na altura ele não respondeu.
Até hoje, outros acionistas de relevo da Benfica SAD remeteram-se ao silêncio relativamente à OPA. São os casos do construtor José Guilherme (dono de 3,73%), de Joaquim Oliveira (2,66%) e da Quinta dos Jugais (2%).
Recorde-se que o Benfica pretende aplicar €32,3 milhões para comprar 6,4 milhões de ações da Benfica SAD que estão nas mãos de terceiros. Causou surpresa o valor a que anunciou a OPA, de €5 por ação. O valor iguala o preço a que os títulos foram para a Bolsa, mas representa um prémio de 81% face à última cotação da Benfica SAD antes do anúncio da oferta.
O presidente do clube, Luís Filipe Vieira, tem a possibilidade de receber €3,8 milhões, mas apenas poderá desfazer-se das suas ações quando abandonar a presidência das águias.
“Devolver o Benfica aos benfiquistas”
Luís Filipe Vieira justificou a OPA com a oportunidade de aproveitar a melhoria da situação financeira do clube para “devolver o Benfica aos benfiquistas”. O clube justifica o preço oferecido com a intenção de não penalizar quem comprou títulos na entrada em Bolsa, em 2001.
Aquando do anúncio da operação, os responsáveis do Benfica indicaram esperar que a OPA ficasse concluída em janeiro do próximo ano. As águias estão a ser apoiadas pelo Haitong Bank, enquanto intermediário financeiro da OPA.
Ao pronunciar-se sobre a oferta, a administração da Benfica SAD informou que “nenhum dos membros do Conselho de Administração da Benfica SAD pretende adquirir ou alienar ações representativas do capital social da Benfica SAD no âmbito da oferta”.
A administração também realçou que a oferta pública permite “a continuidade do rumo estratégico que tem vindo a ser prosseguido nos últimos anos, enquanto contribui igualmente, de forma relevante, para obviar eventuais tomadas significativas de posições acionistas hostis”.
Esta quinta-feira, à hora do fecho desta edição, o Benfica aguardava ainda que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) desse luz verde à operação, o que permitirá a publicação do prospeto, documento que visa dar aos acionistas elementos pormenorizados sobre a situação financeira e operacional da empresa e os riscos que a Benfica SAD enfrenta.