A apresentação do novo Cybertruck elétrico da Tesla na quinta feira em Los Angeles foi tema de galhofa porque os vidros alegadamente inquebráveis estilhaçaram no teste da pedra?
Bem, o presidente da companhia, Elon Musk, teve de lidar com o embaraço da situação, mas o certo é que, segundo a marca, o modelo conta já 146 mil reservas, dois dias depois de ter sido exibido por entre vidros estilhaçados.
Para reservar o Cybertruck de linhas angulosas, entre o SUV e a pickup, basta deixar um depósito reembolsável 100 dólares (91 euros).
A versão mais barata da carrinha pickup elétrica vai custar quase 40 mil dólares (36 mil euros).
O depósito de 100 dólares para o Cybertruck é muito inferior aos 1000 dólares exigidos por para uma reserva do sedan Model 3.
Só 17% das reservas é para a versão mais barata
A Tesla tem um histórico de lançar modelos futuristas que empolgam multidões, recebendo antecipadamente os sinais e entragando os modelos anos depois. Há dois anos, exibiu um camião e um carro desportivo roadster da próxima geração, mas nenhum deles está em produção.
Na primavera passada, Elon Musk apresentou o Model Y, um modelo que deverá entrar em produção no verão de 2020.
O site da Tesla permite que os clientes reservem a pickup elétrica por apenas 100 dólares "totalmente reembolsáveis" e que podem concluir a inscrição antes do final de 20121, a data provável para o modelo entrar na linha de montagem.
Musk, através do twitter, revelou este sábado que apenas 17% das encomendas se destinavam à versão mais barata do camião (monomotor), com preços a partir de 39. 900 dólares. As restantes encomendas destinavam-se a modelos com motores duplos (preços a partir dos 49.900 dólares) e triplos (69.900 dólares) que entram em produção um ano mais tarde.
Listas de reservas levantam dúvidas
As listas de espera da Tesla são uma fonte de mistério para investidores, analistas e céticos da companhia e são vistas como uma fator para estimular a procura. Por isso, a Tesla deixou de publicar os números de reservas nos relatórios trimestrais, alegando que tal métrica "não é relevante".
Esses números "não são relevantes para nós", disse o ex-diretor financeiro Deepak Ahuja em janeiro, na apresentação das contas do quarto trimestre de 2018. “Ainda temos um grande stock de reservas e muitos clientes estão à espera da entrega desses carros. Mas, não é conveniente partilhar essa cifra", acrescentou.
Segundo o relatório de 30 de setembro, a Tesla tinha 665 milhões de dólares em depósitos de clientes.
Um vidro à prova de bala
Na sessão de lançamento do Cybertruck , um técnico da casa testou a resistência à prova de bala do modelo, batendo com um martelo na porta de aço inoxidável. O teste correu bem, a porta não ficou amolgada.
Mas, quando lançou uma bola metálica na janela da frente, ela estilhaçou logo. O público suspirou e Musk não escondeu o embaraço. "Oh, meu Deus, talvez tenha sido com demasiada força", exclamou Musk. Um segundo lance levou ao mesmo resultado.
Então, Musk desvalorizou. "O lado positivo é que a bola não passou o vidro", consolou-se Musk, prometendo logo a seguir que "tal fragilidade seria resolvida" pelo seu departamento do vidro (Tesla Glass).
O estilo angular e futurista que parece ter saído do filme de ficção científica Blade Runner,e o incidente do vidro partido conjugaram-se para impulsionar a notoriedade no novo produto. E como reagiram as ações da Tesla? Na última sessão da semana, perderam 6,2%, a queda mais acentuada dos últimos dois meses.
O valor em bolsa da companhia é de 60 mil milhões de dólares, um valor semelhante ao do início do ano. Em 2019, a cotação da empresa tem sido um carrossel. No fim de maio, atingiu um mínimo de 178 dólares, um valor que compara com os 333 dólares de sexta-feira.