O consumo de carvão em Portugal, agregando o que é usado para produzir eletricidade e o que se destina à indústria, caiu em agosto para o valor mais baixo dos últimos oito anos, segundo os dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Para este novo mínimo contribuiu principalmente a paragem que as duas centrais termoelétricas a carvão existentes em Portugal tiveram em agosto, devido à falta de competitividade deste recurso em comparação com outras fontes energéticas.
O último boletim mensal da DGEG mostra que em agosto o consumo anualizado de carvão (ou seja, o consumo no período de setembro de 2018 a agosto de 2019) foi de 3,56 milhões de toneladas, menos 22,9% do que em agosto de 2018. Embora o consumo industrial tenha crescido 6,7% em termos homólogos, o consumo para produção de eletricidade (que leva a maior fatia) afundou 23%.
Segundo os registos da DGEG consultados pelo Expresso, é preciso recuar a outubro de 2011 para encontrar um menor consumo anual de carvão em Portugal. Naquele mês o país estava a consumir, numa base anualizada, 3,51 milhões de toneladas de carvão.
Depois, o consumo de carvão em Portugal foi subindo. No verão de 2012 ultrapassou os 5 milhões de toneladas. Em 2013 e 2014 o país foi consumindo anualmente cerca de 4 milhões de toneladas de carvão, voltando em 2015 a passar a marca dos 5 milhões.
Desde abril do corrente ano que o consumo anualizado de carvão em Portugal está em queda. Teve até agosto quatro meses consecutivos de queda, de acordo com a DGEG.
Para esta evolução tem contribuído a menor competitividade do carvão enquanto fonte de produção de eletricidade, nomeadamente em comparação com o gás natural, outro recurso de referência para a geração das centrais termoelétricas. Uma perda de competitividade de tal forma acentuada que grande parte das centrais a carvão na Europa deverão fechar 2019 com prejuízos. A EDP, nas suas centrais a carvão na Península Ibérica, poderá perder este ano mais de 400 milhões de euros, segundo uma estimativa do centro de estudos Carbon Tracker.
O preço das licenças de emissão de dióxido de carbono, a subida do custo do carvão e o fim da isenção de ISP que era concedida às centrais a carvão têm sido os principais fatores a contribuir para que as termoelétricas de Sines e do Pego estejam cada vez mais dias "fora de jogo" no sistema elétrico nacional.
O primeiro-ministro, António Costa, revelou no seu discurso de tomada de posse que é intenção do Governo concretizar o encerramento total da produção de eletricidade a partir do carvão até 2023. Primeiro fechará, em 2021, a central a carvão do Pego (explorada pela Tejo Energia, uma parceria entre a Trustenergy e a Endesa). Em 2023 deverá fechar a central de Sines, que é a maior central elétrica existente em Portugal e pertence à EDP.