A fábrica de turbinas eólicas Ventipower, em Oliveira de Frades, está em risco de fechar. A Ventipower ficou fora do acordo que a alemã Senvion fechou segunda-feira com a Siemens Gamesa, para a venda a esta última de vários ativos da Senvion, incluindo a portuguesa Ria Blades, que produz pás para torres eólicas em Vagos, no distrito de Aveiro.
A Siemens Gamesa confirmou ao Expresso que a Ventipower não fez parte do pacote. Em Portugal o único ativo adquirido foi mesmo a Ria Blades, que conta atualmente com 740 trabalhadores e é uma das mais competitivas fábricas de pás eólicas da Europa. "A Ria Blades desempenhará um importante papel na Siemens Gamesa" e, acrescenta a empresa alemã, "irá tornar-se uma plataforma de exportadora, podendo, devido à sua competitividade, servir um vasto leque de mercados globais".
No entanto, a Siemens Gamesa acabou por não se interessar por outros ativos da Senvion em Portugal, designadamente a Ventipower, que chegou a empregar em Oliveira de Frades mais de uma centena de pessoas, mas que no final de 2017 tinha um quadro de 80 pessoas.
O Expresso questionou a Senvion se a Ventipower será encerrada e, caso isso se confirme, se já este ano ou em 2020. O porta-voz da empresa, Dhaval Vakil, não exclui nenhum cenário. "Estamos a explorar todas as opções para os ativos que não foram vendidos à Siemens Gamesa", respondeu o responsável da Senvion, que está em processo de insolvência.
Na segunda-feira, o comunicado da Senvion que anunciava o negócio com a Siemens Gamesa já assumia como inevitável o encerramento de alguns dos seus negócios.
"Para as restantes áreas da Senvion, o processo de redução da atividade foi iniciado de forma a assegurar soluções socialmente aceitáveis para os restantes trabalhadores e uma liquidação organizada dos restantes ativos. Como foi anunciado antes, alguns projetos de continuação de fabrico de turbinas eólicas estão a ser ultimados, assegurando mais empregos, indo alguns deles até meados do próximo ano", refere o comunicado da Senvion.
A Ventipower, em Oliveira de Frades, foi criada há 12 anos, no contexto dos projetos industriais prometidos pelos vencedores das várias fases dos concursos eólicos do Governo de José Sócrates. Esse investimento industrial, em fábricas de aerogeradores e de pás eólicas, foi uma garantia dos consórcios vencedores para assegurarem o direito a instalar nova capacidade eólica em Portugal com tarifas de venda garantidas por 15 anos.
Mas a Ventipower esteve longe de assumir uma operação tão relevante como a Ria Blades. As últimas contas da Ventipower a que o Expresso teve acesso indicam que em 2017 a empresa teve uma faturação de 3,3 milhões de euros e um resultado líquido positivo de 74 mil euros.
A empresa, que contava então com 80 funcionários, tinha uma situação patrimonial positiva, com um ativo de 6,6 milhões de euros, um passivo de 6,1 milhões e capitais próprios de quase 500 mil euros.