O prazo médio de pagamento das empresas em Portugal é elevado (71 dias) e, em 2018, 85,8% das empresas não cumpria os prazos de pagamento acordados com os fornecedores. As contas são da Informa D&B que, ao longo do ano passado, analisou o cumprimento dos prazos de pagamento das empresas em 35 países num estudo a que o Expresso teve acesso em exclusivo, concluindo que as organizações portuguesas são as piores pagadoras do mundo.
A Polónia é o país onde as empresas (79,3%) mais pagam dentro dos prazos. O número contrasta com a realidade portuguesa onde, em 2018, só 14,2% das empresas cumpriram os prazos de pagamento acordados com os fornecedores. E em contraciclo com a tendência dos demais países, em Portugal as empresas não estão a criar melhores hábitos de pagamento, antes pelo contrário.
Entre 2007 e 2018, o incumprimento dos prazos de pagamento aumentou 7,5% nas empresas nacionais. A média europeia de empresas que cumprem os prazos de pagamento era no final do ano passado de 42,8%, três vezes superior à registada em território nacional.
27% do PIB em dívidas a fornecedores
A maioria das transações comerciais entre empresas realizadas em Portugal não são feitas a pronto pagameno, ficando um valor por pagar aos fornecedores num prazo estabelecido. Em 2018, o valor por pagar a fornecedores ascendia a 49,8 mil milhões de euros, o equivalente a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. 26% das empresas nacionais pagava a mais de 90 dias.
Segundo o estudo, em 2018 Portugal contabilizava cerca de 50 mil empresas com risco elevado ou médio-alto de se atrasarem mais de 90 dias a pagar aos fornecedores. "O risco associado ao recebimento é uma preocupação cada vez maior por parte dos gestores e relevante para uma economia saudável, já que afeta o equilíbrio financeiro das empresas, sobretudo as de menor dimensão, que perante estes atrasos ficam sem capacidade de pagar aos seus fornecedores", reforça Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B´, responsável pelo estudo.
A líder acrescenta que o atual panorama nacional nesta matéria "não contribui para um clima de confiança entre os agentes económicos" e defende que "é cada vez mais importante dar aos gestores instrumentos e análises que lhes permitam escolher os parceiros de negócio em função deste indicador, reduzindo os riscos que a situação traz para as suas empresas".
No top 3 dos melhores pagadores estão a Polónia, com 79,3% das empresas a cumprirem os prazos de pagamento, Taiwan (75,5%) e a Holanda (73,8%). Na base deste ranking, no pódio dos piores pagadores está a Roménia (20,3%), Israel (18%) e, em último, Portugal com a percentagem referida de 14,2% de empresas cumpridoras.
Em Portugal, as micro empresas são as que estão a contribuir mais para agravar nos atrasos de pagamento a fornecedores. Numa comparação com 2009 e considerando todas as dimensões de empresas, os números da Informa D&B mostram que um agravamento generalizados dos prazos de pagamento das empresas que nas microempresas foi mais acentuado. Em 2009 eram 26,7% os micro negócios que pagavam a tempo e horas. Em 2018 o número são ia além dos 14%.
Os fornecedores dos sectores da indústria, agricultura, construção e das empresas grossistas estão entre os que recebem mais tarde e também entre os que pagam mais tarde. Já as atividades imobiliárias, transportes, alojamento e restauração e serviços gerais concentram a maior fatia de empresas que pagam a 30 dias. A única exceção é o sector do Retalho que, sendo um dos sectores que recebe mais cedo, é dos paga mais tarde aos fornecedores.