A Caixa Geral de Depósitos assegura que protege, neste momento, mais de 390 mil reformados da imposição de qualquer comissão. É a resposta do banco à notícia do Público, que, com base na alteração de preçário, indica que os clientes mais desfavoráveis sofrem um agravamento de custos.
Num esclarecimento enviado esta quinta-feira às redações, o banco liderado por Paulo Macedo escreve que “isenta, de comissões de gestão de conta à ordem, reformados com uma pensão de reforma e outros clientes com rendimentos inferiores a uma vez e meia o salário mínimo nacional”.
“A CGD isenta de qualquer comissão de gestão por proteção de franjas, neste momento, mais de 1 milhão de clientes, dos quais mais de 390 mil reformados”, acrescenta a nota enviada às redações. Aqui estarão também os estudantes, que os bancos tendem a isentar de custos para fidelizar.
A instituição financeira divulgou o novo preçário, que será modificado a 25 de janeiro do próximo ano, mexendo nas comissões da Conta S, aquela que tem custos mais baixos e que conta com uma conta à ordem, um cartão de débito e transferências não urgentes limitadas.
A comissão sobe de 2,80 euros para 3,20 euros quando é bonificada (quando há domiciliação de rendimento ou património e quando há duas ou mais autorizações de débito), sendo que o agravamento é de 4 para 4,95 euros nos restantes casos.
“A Conta S, uma conta pacote de adesão voluntária, que continua a ser a mais competitiva do mercado, tem um conjunto de serviços associados”, diz a Caixa no esclarecimento, referindo que o acréscimo também corresponde a um “aumento do número de serviços”.
A Deco defende que há aqui uma dualidade de critérios já que há este agravamento da custa com o menor número de serviços, mas mais barata, e a criação de um desconto na conta destinada aos clientes mais abastados (Caixa Azul).
Cadernetas para desincentivar
Os clientes reformados também são penalizados já que são eles que, tradicionalmente, utilizam cadernetas bancárias. O banco não tem escondido que quer desincentivar o uso, até porque, neste momento, já nem é possível realizar operações com elas (só consulta de movimentos e saldos). E este preçário traz mudanças nas cadernetas.
O levantamento de dinheiro ao balcão com caderneta custa 1 euro (para empresas) e 2,75 euros (para particulares), mas o preçário em vigor a partir de 25 de janeiro de 2020 triplica, num dos casos, a comissão, já que passa a ser de 3 euros (3,12 euros com imposto). Da mesma forma, a atualização de caderneta ao balão duplica de preço (exceto quando o cliente não tem alternativa). Nestes casos, o banco salvaguarda que haverá isenção da cobrança quando os levantamentos são feitos por clientes com mais de 65 anos ou com rendimentos mais reduzidos.
A subida de comissões passa pelo MB Way (serviço até aqui gratuito), em que o banco público segue as pisadas dos privados, bem como no crédito à habitação (com o agravamento da comissão de processamento da prestação).
Além da conta pacote mais básica, a CGD também aumenta o custo da comissão de manutenção da conta de serviços mínimos bancários (que o Banco de Portugal tem vindo a promover, já que há aqui um limite máximo dos custos a imputar aos clientes). Até aqui, era gratuita. Mas o banco colocou um encargo mensal de 34 cêntimos, isentando apenas para contas com crédito de salário, pensão ou prestação social inferior ao salário mínimo nacional (600 euros, atualmente).