Trinta milhões de euros é quanto o Estado português perde com o acordo alcançado com a Malo Clinic, que se encontra se encontra em Processo Especial de Revitalização (PER), junto dos credores. De uma dívida judicialmente reconhecida de 70,8 milhões de euros, a rede de clínicas terá apenas de pagar 27 milhões ao longo de dez anos. O resto são perdões de dívida.
As contas são feitas pelo Jornal de Notícas (JN) na edição desta sexta-feira. Segundo o JN, nos dois primeiros anos, Paulo Malo, fundador das clínicas, não terá de liquidar qualquer montante a entidades como o Novo Banco, Banco Nacional Ultramarino (através da Caixa Geral de Depósitos) ou à Segurança Social que, como o Expresso avançou anteriormente, integram a lista de 88 credores da Malo Clinic.
Recorde-se que o Grupo Malo Clinic que entrou em processo revitalização em agosto deste ano. As 88 entidades que se constituíram credoras da rede de clínicas reclamavam o pagamento de mais de 94,6 milhões de euros em dívidas. Desse montante, apenas foram reconhecidos efetivamente 66,9 milhões que, com juros, colocam o valor da dívida nos 70,8 milhões de euros.
O Expresso já tinha avançado que o Novo Banco - que recebeu 5,2 milhões de euros do estado desde a queda do Banco espírito Santo por via de empréstimos feitos ao Fundo de Resolução (FdR) - era o maior, credor com 56 milhões de euros, 80% do valor dos créditos reconhecidos. As primeiras informações disponíveis revelavam o acordo implicaria um perdão de dívida do Novo Banco à Malo na ordem dos 25 milhões de euros. Sabe-se agora que a instituição bancária recuperará a prazo 34,5 milhões, perdendo 21,5 milhões de euros.
Já o grupo Caixa Geral de Depósitos, pertencente ao Estado perde, segundo o JN, por duas vias: Banco Nacional Ultramarino (BNU) e Caixa Imobiliário. O BNU só deverá recuperar 690 mil euros em dez anos, perdendo 6,2 milhões, e a Caixa Imobiliário perde 182 mil euros de uma dívida total de 202 mil. O Instituto da Segurança Social perde 1,7 milhões de uma dívida de 1,9 milhões.
Ao contrário do Novo Banco, que sofreu um corte de 38,5%, quer as empresas do grupo CGD quer a Segurança Social, foram classificadas como "credores comuns", o que significa uma perda de 90% das dívidas reconhecidas pelo administrador judicial.
Recorde-se que, tal como o Expresso tinha avançado, a Malo foi comprada pela entidade especializada em recuperações de empresas, a Atena Equity Partners, que vai colocar na rede de clínicas 4 milhões de euros. A empresa está a atualmente sob administração judicial - no âmbito de um PER - para poder negociar com os credores a sua recuperação.
Além da redução de dívida deverá proceder também ao encerramento de algumas clínicas, em Portugal e nos 25 países onde o grupo Malo está presente. Em território nacional as clínicas de Sintra, Guimarães e Loulé deverão passar a ser servidas por Lisboa, Porto e Faro ou Portimão, respetivamente. Paulo Malo continua na atividade clínica, ainda que deixando de ser acionista.