Economia

Mediação falha, motoristas preparam novas formas de luta e culpam os patrões “por causa de 50 euros”

Os motoristas de matérias perigosas, a Antram e o Governo estiveram reunidos mas não foi possível acordar nem o mínimo para se dar início a um processo de mediação. O Governo culpa o sindicato por trazer “pré-condições” para a negociação

Luís Sousa

O advogado do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, disse esta terça-feira à noite, à saída de uma reunião com o Governo, que a Antram não quis negociar “por causa de 50 euros”. O SNMMP anuncia esta quarta-feira novas formas de luta.

"A Antram não quis evitar estas novas formas de luta ou uma possível greve por 50 euros", afirmou o representante do SNMMP à saída de uma reunião com o Governo, no Ministério das Infraestruturas e Habitação, em Lisboa, referindo-se ao subsídio específico que os motoristas de matérias perigosas reclamam pelo manuseamento deste tipo de mercadorias.

Além disso, Pedro Pardal Henriques negou que haja má-fé da parte do sindicato que dirige: “O sindicato sempre esteve disponível para negociar. A causa que era impedimento para esta negociação era a greve, então o sindicato deu um passo em frente e desconvocou essa greve, retirando a espada na cabeça que a Antram dizia ter”.

Os motoristas, garantiu o advogado, “cederam e abdicaram” em “muitas coisas” mas reconheceu que há duas coisas das quais não cedem: “Queremos que sejam valorizados os trabalhadores e que recebam pelo trabalho que fazem e por isso dissemos que não abdicaríamos do pagamento das horas extraordinárias, porque é fruto do trabalho das pessoas, que trabalham 15 ou 16 horas por dia”. Esta é uma das “pré-condições” levadas pelo sindicato para a mediação e que a Antram não aceita porque rejeita qualquer linha vermelha previamente estabelecida.

Além desta primeira “regra”, a segunda prende-se com o tal subsídio, condição que, no entender da Antram, não pode ser ponto prévio mas sim alvo de discussão como todas as outras reivindicações. Pardal Henriques justificou a razão da imposição dessas condições prévias dizendo que “os trabalhadores precisam de ter garantias de que vão ser valorizados”.

Logo a seguir falou Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, que se focou no facto de que dois dos sindicatos que estavam envolvidos nesta luta, no caso a Fectrans e o SIMM, aceitaram aceitado negociar com a Antram, desconvocando as greves. “Temos dois sindicatos que já chegaram a acordo, é importante que não nos esqueçamos disso, que a via do diálogo foi o caminho escolhido por dois dos sindicatos. Entendemos que há condições para se chegarem a resultados positivos”, disse o ministro.

O governante garantiu que o Governo não abandonou a luta, “difícil e extenuante”, e que vai continuar a tentar liderar um processo de mediação, recusando acusações de “favoritismo” em relação à Antram, do qual tinha sido acusado pelo SNMMP. “Domingo ficámos com a sensação que se poderia dar início ao fim deste processo. Infelizmente uma das partes quis definir resultados antes da mediação se iniciar”, disse o governante. “Tentámos convencer as partes a deixar cair as pré-condições. Uma das partes não quis”, acrescentou.