Economia

Bolsas ganharam 9,9 biliões no 1º semestre e juros caíram para mínimos na zona euro

Os mercados de ações deixaram para trás na primeira metade do ano as perdas de 2018, apesar do maio ter sido um mês de quedas nas bolsas. No mercado da dívida da zona euro, o juro médio caiu quase 1 ponto percentual no prazo a 10 anos desde início do ano e está em mínimos

Drew Angerer/Getty

Os mercados estão a viver uma onda verde este ano. Os resultados do primeiro semestre são assinaláveis. As bolsas subiram no primeiro semestre, apesar do mau mês de maio, e os juros da dívida pública na zona euro estão em mínimos.

O ano de 2019 está a ser de forte recuperação nas bolsas, deixando para trás as perdas de 11% do ano anterior. Nos primeiros seis meses, o índice MSCI mundial subiu 15%. As bolsas à escala mundial ganharam 11,2 biliões de dólares (€9,9 biliões) na primeira metade do ano, com base em dados da World Federation of Exchanges. Em Lisboa, o índice PSI 20 regista um ganho de 8,6% nos primeiros seis meses do ano.

As maiores subidas no semestre registaram-se em Buenos Aires, com o índice Merval a disparar 38%, e em Nova Iorque, com o Nasdaq, o índice das tecnológicas, a avançar 21%. Em terceiro lugar, vem a bolsa de Xangai, com o índice geral a ganhar 19%. Na Europa, destacam-se os índices Dax de Frankfurt e Cac 40 de Paris com subidas de 17%.

Nos juros da dívida pública da zona euro, o juro médio, no prazo de referência a 10 anos, desceu no mercado secundário de 1,16% para 0,22% neste primeiro semestre. Este nível de juros fixa um mínimo na história do euro. No prazo a 5 anos, os juros do conjunto da dívida da zona euro caíram de 0,46% para -0,08% em terreno negativo, também em mínimos.

Para a dívida portuguesa, é também tempo de mínimos históricos, com as taxas a 10 anos a fecharam junho em 0,48% pela primeira vez e o custo dos credit default swaps (derivados que funcionam como seguro contra o risco de bancarrota) a cair para 44,1 pontos-base, o nível mais baixo desde 2008, e que é menos metade do registado no início do ano.

Apesar dos zuguezagues dos tweets do presidente Trump sobre a guerra comercial, os investidores continuam a apostar em que não haverá uma escalada na guerra de taxas alfandegárias entre os EUA e a China, e estão convencidos de que os principais bancos centrais, nomeadamente a Reserva Federal dos EUA, o Banco Central Europeu e o Banco Popular da China, agirão com estímulos monetários suficientes no caso da situação de agravar.

No entanto, o nível de incerteza, tem provocado o aumento do preço do ouro, que continua a funcionar como refúgio financeiro. O preço da onça subiu 9% nos primeiros seis meses.

O preço do ouro negro, na variedade Brent europeia, disparou 20% desde início do ano. As causas do aumento estão na conjuntura no mercado petrolífero, marcada, por um lado, pela decisão política de cortar na produção por parte do novo cartel formado pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) e pela Rússia e, por outro, pelos riscos crescentes de guerra no Golfo Pérsico afetando o Estreito de Ormuz (por onde passa diariamente 30% da produção mundial de petróleo). A OPEP e a OPEP+ (designação para a cimeira da OPEP com a Rússia e outros produtores de petróleo) reúnem-se na segunda e terça-feira em Viena e tudo indica que manterão a política de cortes na produção. A Arábia Saudita e a Rússia já concordaram em manter essa estratégia por mais 6 a 9 meses.

A segunda trégua acordada entre Trump e Xi Jinping à margem da cimeira do G20 no Japão este sábado já era esperada e deixa antever uma redução ainda maior do stresse quando os mercados abrirem na segunda-feira, a começar pela Ásia.