O primeiro-ministro português, António Costa, e outros seis chefes de Governo da União Europeia (UE) pediram a Bruxelas avanços nas negociações com a organização do Mercado Comum do Sul (Mercosul) - que junta Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, que visam o estabelecimento de um acordo de livre-comércio. Em causa está uma carta enviada pelo governante português e pelos homólogos de Espanha (Pedro Sánchez), Alemanha (Angela Merkel), Holanda (Mark Rutte), República Checa (Andrej Babis), Letónia (Krisjanis Karins) e Suécia (Stefan Lofven) ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Na carta enviada, os líderes europeus destacam que "o aumento da ameaça do protecionismo e outros fatores geoestratégicos estão a ter um grande impacto nas exportações e no comércio internacional" dos países e defendem que o atual contexto cria "uma oportunidade histórica e estratégica de fechar um dos mais importantes acordos da política comercial europeia".
Os líderes realçam que a Mercosul abrange cerca de 260 milhões de consumidores e argumentam que, "com o aproximar do fim das negociações, deve ser reconhecido que a Mercosul fez um progresso significativo nas suas discussões internas referentes às negociações comerciais com a UE". E, a seu ver, a organização "parece determinada em liberalizar certos sectores que são muito importantes para nós", assinalam os líderes, numa alusão à manufatura, à indústria automóvel e à indústria química.
"A UE não pode desistir perante argumentos populistas e protecionistas relativos à política comercial", concluem, pedindo a Jean-Claude Juncker que faça à Mercosul uma "oferta equilibrada e razoável" de acordo de livre-comércio. Na quarta-feira, a Comissão Europeia manifestou "empenho" para chegar a um "resultado positivo" nas negociações com a Mercosul, que visam um acordo de livre-comércio, mas salienta que "ainda há trabalho a fazer".
"Estamos empenhados em levar estas discussões comerciais a um resultado positivo, mas para isso acontecer ainda há trabalho a fazer", afirmou na altura o porta-voz da Comissão Europeia para a área do Comércio, Daniel Rosário. Falando na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas, o responsável notou que em causa está uma "abordagem faseada". "Primeiro vamos ter estas reuniões técnicas" e, "dependendo do resultados destas negociações técnicas, uma reunião a nível político poderá ser agendada para os próximos dias", acrescentou Daniel Rosário.
A UE e a Mercosul negoceiam desde 1999 um amplo acordo de associação que inclui um acordo comercial, mas as negociações estiveram por diversas vezes totalmente bloqueadas, tendo sido retomadas apenas em 2016. O processo voltou a estar em foco depois de, no início do mês, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ter dito que o acordo entre a UE e o Mercosul estaria "iminente".
Em causa estão declarações feitas pelo chefe de Estado brasileiro durante uma visita ao Presidente argentino, Mauricio Macri, em Buenos Aires, dando conta de que o acordo de livre-comércio estaria "prestes" a ser alcançado. Nos últimos meses foram feitos progressos para alcançar o acordo, mas as negociações ainda não foram concluídas.