Economia

Abanca fica com 70 balcões do Deutsche em Portugal mas recusa dizer quanto pagou

Portugal tornou-se o segundo maior mercado internacional dos espanhóis do Abanca, que também estão a comprar a CGD em Espanha. Ficam com 70 centros e 500 trabalhadores em Portugal. E estão atentos a mais oportunidades. Grupo quer crescer 28% do volume de negócios obtido no país até 2021

Está concluída a mais recente mudança de mãos na banca portuguesa. Os espanhóis do Abanca compraram a rede de clientes particulares do alemão Deutsche Bank. Ficam com 70 pontos de venda e 430 funcionários. Qual o montante da operação? É um segredo. E assim irá continuar. Os dois bancos acordaram nada dizer.

“Há um acordo de confidencialidade. Foi um processo competitivo, pelo que foi um bom preço de compra e um bom preço de venda”, escudou-se Juan Carlos Escotet, presidente da administração do Abanca, na conferência de imprensa marcada para esta quarta-feira, 12 de junho, em Lisboa, para falar sobre o tema. “Quero respeitar o acordo. Foi parte do acordo de negociação”, continuou o responsável, quando instado novamente a revelar o valor do negócio. Diz que a decisão partiu do banco alemão, mas que aceitou e vai cumprir. A única resposta é que o impacto na solidez de capital foi “limitado”.

No relatório e contas do Abanca relativo a 2018, também não há informação sobre os valores da aquisição. Há apenas a indicação da evolução do processo: foi em março do ano passado que o Abanca ganhou a corrida pela rede de retalho do Deutsche Bank em Portugal, já que os alemães queriam sair desse ramo no país, ficando apenas nas áreas de investimento e banca corporativa.

A transação ficou fechada este fim-de-semana. E os 70 pontos de venda (a maioria são agências, outras são num género de franchising) adquiridos já têm a marca do grupo espanhol, que integra o universo Banesco, entidade bancária venezuelana – mas com separação acionista, razão pela qual Escotet defende não haver riscos de contaminação. São 29 balcões no distrito de Lisboa, e 17 no Porto. De resto, está presente em outros 14 distritos (as exceções são Bragança, Beja, Guarda e Região Autónoma dos Açores).

Há também 430 trabalhadores que são transferidos para a marca Abanca: 334 trabalhadores que vêm do Deutsche Bank, cerca de 50 que os espanhóis já tinham no país (onde estavam em quatro agências), e ainda outros 50 que são colaboradores externos. A equipa será portuguesa, seria “desnecessário” trazer funcionários espanhóis para a sucursal.

Com a aquisição, o Abanca fica com um volume de negócios (soma de recursos e crédito) de 7.763 milhões de euros. Daqui, a carteira de crédito é de 3.298 milhões, a somar a recursos de 4.065 milhões (onde estão incluídos os depósitos).

O grupo, que em Portugal vai ter Pedro Pimenta como administrador delegado, quer crescer 28% no volume de negócios até 2021 na atividade nacional, mais nos recursos – para atingir os 5.400 milhões – do que no crédito – 4.000 milhões. Oportunidades de crescimento inorgânico são bem-vindas, mas não a prioridade. “Sempre atentos a qualquer oportunidade”, admite Escotet, acrescentando que, com esta compra, “Portugal passa a ser a operação internacional mais relevante”.

Neste momento, em Espanha, o banco aguarda os trâmites regulatórias para adquirir o Banco Caixa Geral, a instituição financeira que a Caixa Geral de Depósitos tem no país vizinho e que teve de vender por obrigações acordadas com a Comissão Europeia. Ao contrário da operação nacional, esta aquisição tem um preço: 364 milhões de euros.