A venda da instituição que o Banco Espírito Santo (BES) - que está em liquidação em Portugal - tem nos Estados Unidos da América voltou a falhar. Mas já está em curso a terceira tentativa. Envolve os donos do espanhol Abanca.
Neste momento, há um novo acordo da comissão liquidatária do BES para vender o Brickell Bank, antigo Espírito Santo Bank de Miami. O comprador é o Banesco USA, banco que pertence ao grupo venezuelano Banesco que, entre outros ativos, é dono do espanhol Abanca, comprador da unidade portuguesa do Deutsche Bank.
O BES está a alienar 99,99% do Brickell Bank , sendo que voltou a reforçar a imparidade para este ativo em cerca de 2 milhões de euros: o seu montante líquido, registado no balanço, passou de 9,2 milhões de euros, em 2017, para 7 milhões de euros, um ano depois. Isto porque a venda, a concretizar-se, será feita por 8 milhões de dólares, cerca de 7,1 milhões de euros, ao câmbio atual.
“O valor refletido no balanço relativo à participação de capital no Brickel Bank corresponde à melhor expetativa do valor de realização do ativo, no contexto da sua fusão com a instituição potencialmente adquirente, cujas negociações estão praticamente concluídas, estimado em 8 milhões de dólares”, sublinha a certificação legal de contas ao BES em 2018, feita pela PKF.
Esta aquisição por fusão está a ocorrer – ainda aguarda autorizações regulatórias – devido ao falhanço da anterior tentativa, precisamente por essas autorizações não terem chegado.
Em janeiro de 2018, o banqueiro suíço Joseph Benhamou e a sua família assinaram a compra do banco localizado em Miami, Florida. Contudo, a aprovação junto dos reguladores não foi obtida. E, assim, acabaram por desistir da operação. O que obrigou a comissão liquidatária do BES a procurar novo comprador.
Segundo a comissão liquidatária do BES, em documentos entregues no Tribunal do Comércio de Lisboa, o banco “tem continuado a registar prejuízos nas suas atividades, estando a ser preparadas medidas para assegurar que o banco não entra em incumprimento dos requisitos prudenciais”.
Mas este falhanço não foi o único. Já tinha acontecido isso. A família venezuelana Benacerraf tinha lançado uma oferta pelo banco, pouco tempo depois da derrocada do BES, mas acabou por desistir da compra em 2016.
O reforço da imparidade acaba por pesar nos resultados do BES e intensificar o seu buraco, ou seja, o capital próprio negativo. Isto quando já há uma lista de credores reconhecidos validada pela comissão liquidatária: há 5,06 mil milhões de euros de créditos válidos por reembolsar. Um montante que pode ainda custar 700 milhões ao Estado, por via do Fundo de Resolução.